quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Dia dos professores III – Seguir o exemplo de Florestan


No dia 10 de agosto de 1995 morria Florestan Fernandes, um dos mais importantes educadores brasileiros. Nada mais justo do que recordar a sua trajetória e contribuição no dia que homenageamos os professores.
Florestan Fernandes veio de família humilde. Filho de lavadeira, engraxate quando criança, sua trajetória lembra a de milhões de brasileiros que lutam de forma árdua pela sobrevivência.
Tornou-se um professor renomado, foi perseguido pelos generais, preso e aposentado compulsoriamente da USP pelo AI-5, em 1969. Conheceu o interrogatório, a prisão, a proscrição intelectual e a expatriação. Isso o obrigou a sair do país e ministrar aulas em Toronto, Princeton, dentre outras universidades estrangeiras.
Durante toda a vida, Florestan foi exemplo da associação do intelectual da mais fina estirpe com o militante socialista que, na sua luta incansável, demonstra a convicção de que o intelectual tem deveres públicos imperiosos.
Muitos intelectuais participaram, nas décadas de 1940 e 1950, da Campanha em Defesa da Escola Pública, que teve origem nas discussões para a aprovação da primeira LDB. Nenhum foi mais ativo do que Florestan Fernandes.
Voltou ao Brasil com a abertura política e foi eleito deputado federal por duas vezes. Na ação parlamentar de Florestan, teve uma atuação que procurou aglutinar a defesa da escola e da universidade públicas, gratuitas e de qualidade. Memoráveis foram suas lutas contra o lobby das escolas privadas, que já procurava dar o tom na Constituinte e sua dedicação na redação da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Radical sem ser estreito, amplo o suficiente para ser respeitado pelas mais diversas correntes políticas e ideológicas deste País, Florestan nunca deixou de trilhar o caminho da coerência. O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) considera que Florestan “não temia expor suas opiniões, fazer de sua vida lição de coerência, na defesa dos trabalhadores e dos de baixo. Sua lição básica para aqueles que escolhem a trilha dos trabalhadores, das maiorias nacionais é a de que o militante deve ordenar sua ação por três deveres: não se deixar cooptar, não se deixar liquidar e garantir vitórias para o povo”.
Foi um intelectual orgânico, no sentido empregado por Gramsci, foi um militante aguerrido na defesa da Escola Pública de Qualidade e com forte influência marxista, acreditou, lutou e defendeu a transformação social, atribuindo papel relevante aos trabalhadores a partir da consciência de classe e incluindo a Educação como tema de grande destaque na construção e consolidação de um novo projeto de sociedade.

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