quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Blindagem de Papel crepom

A crise americana está cada dia mais grave. É uma crise mundial e coloca em discussão o modelo de desenvolvimento do capitalismo baseado na ciranda financeira.
O BIS – o Banco de Compensações Internacionais, uma espécie de central dos bancos centrais – estima um volume de ativos financeiros em circulação nas esferas especulativas de todo o mundo da ordem de US$ 600 trilhões. Este volume de direitos financeiros é dez vezes superior ao PIB mundial, estimado em US$ 60 trilhões.
Estes recursos giram na economia mundial sem produzir riqueza, significam uma movimentação virtual.
O presidente Lula, talvez motivado pelo período eleitoral, insiste em dizer que a crise não atravessará o atlântico. Acontece que ela já atravessou e aportou no Brasil. Outras vezes o presidente minimiza os possíveis efeitos da crise na economia brasileira, afirmando que os fundamentos de nossa economia são fortes e que nossas reservas internacionais são robustas. Ou seja, que o país está blindado contra crises.
O economista Reinaldo Gonçalves afirma que a estabilidade do Brasil na verdade é falsa, é uma estabilidade de papel crepom. As reservas internacionais brasileiras correspondem hoje ao valor da dívida externa, enquanto a dívida interna é cinco vezes maior que as reservas, com um valor superior a um trilhão de reais. Somente o passivo de curto prazo está em torno de 600 bilhões de dólares, ou seja, três vezes as reservas.
Além disso, nossa economia continua sustentada em altas taxas de juros, instituídas para atrair capital especulativo. O mesmo que migra da bolsa de valores ao mais leve sinal de crise.
O outro “fundamento” de nossa economia é o superávit primário feito pelo governo à custa de cortes dos gastos sociais. Durante o governo Lula foram mais de 257 bilhões contingenciados para garantir a tranqüilidade dos especuladores do mercado financeiro.
O principal instrumento para realizar o superávit primário é a Desvinculação das Receitas da União. No período de vigência da DRU (2000 a 2007), R$ 45,8 bilhões deixaram de ser aplicados na Educação. Em 2007, o ministério da Educação (MEC) deixou de contar com R$ 7,1 bilhões.
O superávit previsto para 2008 é de 63 bilhões, dos quais 37 bilhões virão da DRU. Ou seja, caso tenha que aumentar o superávit para conter os efeitos da crise mundial, certamente o alvo principal serão os cortes na área social.
Mas qualquer medida mais amarga vai esperar o dia 26 de outubro. Primeiro deixa-se encerrar a votação, depois se apresenta as maldades.

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