sexta-feira, 22 de março de 2013

O crime não compensa (pelo menos algumas vezes)

Ontem terminou o julgamento dos assassinos do professor Paulo Bandeira.


Paulo Henrique da Costa Bandeira era professor em uma escola no município de Satuba, interior de Alagoas. Em junho de 2003 ele foi sequestrado, torturado e morto após denunciar desvios de verba federal destinada à merenda e eventos da Escola Municipal Josefa da Silva Costa, em Satuba.

Bandeira chegou a juntar provas e produzir um dossiê contra a administração da escola, que tinha influência do então prefeito da cidade, Adalberon de Moraes. O professor foi visto pela última vez com vida no dia 2 de junho de 2003. No dia 4, a polícia achou o corpo carbonizado dentro do seu próprio carro, na Fazenda Primavera.

Depois de quase dez anos os assassinos do professor Paulo Bandeira foram condenados. Após quatros dias de julgamento, os jurados decretaram, na noite desta quinta-feira (21), a sentença que resultou na condenação de três dos quatro réus. O ex-prefeito de Satuba, Adalberon de Moraes, considerado o autor intelectual do crime, foi condenado a 34 anos e 4 meses de prisão em regime fechado por mandar matar o professor que denunciava desvios de verbas da Educação naquele município.



Adalberon de Moraes já está cumprindo pena por desviar recursos públicos enquanto estava à frente da prefeitura de Satuba. Assim, ele não terá redução da atual pena porque já responde por outros crimes. Desta vez, foram considerados para a soma das penas os crimes de homicídio qualificado, sequestro e ocultação de cadáver.

A viúva do professor acredita que a justiça foi feita. “Foi um julgamento histórico. Nosso Paulo plantou esta semente, a semente de justiça. Ele foi o grande vitorioso nesta batalha”, desabafou Cilene Bandeira.

Em abril de 2012, o ex-prefeito de Satuba foi condenado pela Justiça Federal a 62 anos de prisão pelos desvios do Fundef e por outros crimes. Ele foi acusado por fraudes licitatórias e apropriação de recursos públicos federais pelos Ministérios da Educação, da Saúde e das Cidades, como denunciou o Ministério Público Federal. O acusado recorre da decisão no Tribunal Regional da 5ª Região.

A morte do professor Bandeira é um caso extremo de práticas recorrentes de coação contra o trabalho de controle social em nosso país. A condenação dos seus assassinos mostra que aquilo que ainda é regra no Brasil (impunidade) também tem suas exceções. Felizmente!



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