domingo, 30 de setembro de 2012

Mentira tem pernas curtas


Semana passada eu adverti os leitores deste blog para o perigo de que pesquisas eleitorais fosse instrumento de tentativas de manipulação do desejo soberano dos eleitores.

Aquela advertência estava fundamentada em duas razões. A primeira, relatada no post, dizia respeito a enormes contradições entre pesquisas que haviam sido divulgadas no final de semana passado na cidade de Belém. Na verdade, no dia seguinte, com a divulgação da Pesquisa da Doxa, as contradições ficaram mais evidentes.

Mas havia uma segunda razão. Em eleições anteriores, inclusive na cidade de Belém, pesquisas haviam sido utilizadas para manipular os resultados, ou seja, para tentar induzir os resultados, influenciando os eleitores na reta final do pleito. Um destes fatos mais famosos foi a divulgação pelo Jornal O Liberal de pesquisa do Ibope, faltando também sete dias para o pleito, cujos números se mostraram inverídicos.

Na referida pesquisa, que reproduzo fac-símile da capa do jornal, a candidata Valéria aparecia com 18% e os candidatos Priante e Mário Cardoso apareciam empatados com 12%. Quando as urnas foram abertas e seus votos apurados a senhora Valéria, candidata preferida do jornal apareceu em quarto lugar com 13% e os dois que estávamos outros disputaram voto a voto o lugar no segundo turno, ficando Priante com 19% e Mário com 18%.

Agora (coincidência?) novamente foi publicada uma estranha pesquisa (desta vez da Vox Populi) que coloca o candidato Zenaldo em empate técnico com Edmilson, sendo que o primeiro estaria com 25% e o segundo com 27%. Um crescimento vertiginoso do candidato tucano e uma queda igualmente surpreendente do candidato do Psol. E joga os concorrentes diretos de Zenaldo para a vaga no segundo turno em percentuais irrisórios.

As discrepâncias entre essa pesquisa e as demais são acintosas. E o fato chamou a atenção de todo mundo que acompanha o tema. Sem entrar no mérito das possíveis motivações (correm muitos boatos sobre isso na cidade!), mas tal conduta é uma tentativa de reeditar a prática das eleições anteriores: um grupo local, usando de um instrumento de credibilidade aos olhos do eleitorado, tenta influenciar indevidamente o resultado final.

Talvez este esforço esconda duas verdades reveladas pelos outros institutos de pesquisa:

a)     Em todas as amostragens o candidato Edmilson mantém larga vantagem para o segundo colocado, situação que influencia o eleitorado positivamente na reta final da eleição e no seu posicionamento para o segundo turno; e

b)     A indefinição acerca de quem disputará o segundo turno, situação semelhante a que ocorreu em 2008, quando vários candidatos ainda tinham disputavam voto a voto esta classificação.

Comportamento como este é que vão criando uma cultura anti-pesquisa em nosso país. Ou seja, corremos o risco de jogar a criança junto com a água suja, justamente pelo uso abusivo e imoral de determinados institutos e seus clientes.

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