terça-feira, 9 de agosto de 2011

Colocar uma placa resolve?


As escolas municipais da capital do Rio de Janeiro ganharam uma “ajuda” importante para “melhorar a qualidade do ensino”: todas receberam uma placa com as notas e as metas que o colégio obteve no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), do governo federal, e no IDE-Rio, avaliação do município.

Segundo levantamento feito pelo Jornal O Estado de S. Paulo, nos últimos meses, várias leis, decretos e portarias também tratam do assunto em outras cidades e Estados. E na Câmara dos Deputados um projeto de lei determina que todas as escolas públicas brasileiras fixem uma placa de no mínimo 1 metro quadrado com a nota do Ideb.

Alguns gestores ouvidos pela reportagem do Estadão justificam a colocação de placas com o discurso de que isso permite que os pais saibam do desempenho da escola dos seus filhos e força os docentes e diretores a trabalhar mais.

A idéia de colocar uma placa na frente da escola com a nota num teste de aprendizagem de seus alunos é errada por vários motivos:

1º. O IDEB Nacional, o IDE do RJ ou o SARESP de SP são indicadores parciais da realidade escolar. Várias pesquisas mostram que fatores escolares e sociais incidem no desempenho dos alunos e estes não são captados por estas provas.

2º. A exposição da escola (e de seus alunos) não possui nenhum efeito positivo, principalmente por que estimula a visão de que a superação dos problemas de desempenho está sob a responsabilidade exclusiva da escola, ou seja, bastariam mais vontade e compromisso dos professores para que tudo melhore.

3º. Como as escolas refletem as desigualdades sociais existentes na sociedade, esta medida culpa as escolas localizadas em regiões mais pobres por desempenhos piores dos seus alunos, reforçando o estigma existente.

A posição do MEC foi decepcionante, pelo menos no que foi publicado (não li nenhum desmentido). O MEC teria dito que “vê com entusiasmo a discussão, mas pondera que Prova Brasil (que compõe o índice) é um exame voluntário e que, diante da obrigatoriedade da divulgação de resultados ruins, as redes possam preferir não participar da avaliação”. Ou seja, a preocupação do MEC é só com uma retração da participação nos exames, não tendo apresentado nenhuma avaliação mais crítica sobre a proposta, pelo contrário, teria ficado entusiasmado.

Continuamos reforçando mitos, dentre eles o que afirma que basta testar a aprendizagem dos alunos em uma prova nacional para que tenhamos um diagnóstico da qualidade do ensino de uma escola ou de uma rede.

6 comentários:

Luciane de Moura disse...

Concordo com você e ainda acrescento que o objetivo de uma avaliação é diagnosticar e não culpar quem quer que seja. O objetivo do professor é que realmente o aluno aprenda e não mostre notas.

Maria Malta Campos disse...

Eu também critico essa medida, será mais uma forma de estigmatizar as escolas que atendem a população mais pobre. Existem outras formas de envolver os pais na melhoria da qualidade, por exemplo, utilizando o documento Indicadores de Qualidade da Educação, em um debate conjunto com pais, professores, funcionários, alunos e direção, para um diagnóstico da escola.

Maria Malta Campos

antoniofrederico disse...

Qual a próxima estratégia da SME/RJ? Foto do melhor Professor do mês no melhor estilo Mcdonalds?

Marlise Alves disse...

E mais...
Considero uma atitude demagógica, pois sabemos que a matrícula do aluno em determinada escola se dá em função de seu local de moradia. O aluno vai para a escola mais próxima. Sendo seu Ideb bom ou ruim.
O empenho para que a nossa escola seja a ideal tem que ser feito por todos. A escola é um todo.
Marlise Alves

Valdir Schwengber disse...

Quem sabe voltar a classificar as turmas com "a", "b", etc, de acordo com a graduação que obtém na Avaliação do IDEB rsrsrsrsr

Anônimo disse...

Isso prova que a educação no
Brasil é dirigida por burros, só isso.