segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Nova classe média - II

A Folha de São Paulo divulgou dados fornecidos pelo Sindicato das Entidades Mantenedoras das escolas privadas de ensino superior segundo os quais a evasão no ensino superior privado na Grande São Paulo chega a 27%.

Segundo o sindicato patronal esta desistência atinge principalmente os alunos das classes C e D. Ou seja, a “nova classe média” não está conseguindo se manter nas instituições privadas de ensino superior.

O diretor executivo do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp), Rodrigo Capelato, disse ao repórter Fábio Takahashi a desistência está ligada aos alunos das classes C e D. "Os estudantes vêm com dificuldades acadêmicas, não acompanham o primeiro semestre e desistem", afirmou.

Que enrolação! Gostaria de saber quais são os instrumentos científicos que fundamentam esta pérola de cinismo deste dirigente patronal. O que faz estudante abandonar um curso privado é, na grande maioria das vezes, a impossibilidade de pagar as mensalidades e arcar com os demais custos de manutenção.

Concordo com a opinião emitida pelo ex-diretor do Instituto de Física da USP-São Carlos, Oscar Hipólito, que na reportagem afirmou que "o estudante desiste ao perceber que o custo com as mensalidades e a manutenção não valem o que a universidade oferece".

Segundo ele, os dados do MEC mostram que houve 878 mil inscritos para 656 mil vagas. Mas 380 mil postos não foram preenchidos e 187 mil que estavam matriculados abandonaram o curso. "Há gente que quer estudar, mas está insatisfeita com as escolas", afirma Hipólito.

O que mais me preocupa é que na planilha de custos enviada para tentar convencer os deputados federais de que basta passar de 5% para 7% de gasto público em educação, o MEC trabalha com a necessidade de incluir 5,3 milhões de jovens no ensino superior, mas propõe que 74% destes sejam absorvidos pela iniciativa privada.

Faltou combinar o jogo com os russos, ou seja, com os filhos das classes “C” e “D”.

Um comentário:

Elisângela Fernandes disse...

Luiz Araújo, mais uma vez, uma análise muito boa sobre os fatos. Parabéns pelo blog. Abraços,