terça-feira, 17 de agosto de 2010

Vale-presente suspenso “temporariamente”

Os noticiários educacionais paulistas foram marcados na semana passada pela repercussão da proposta da Secretaria Estadual de Educação de pagar para os alunos do 6º e 7º anos do ensino fundamental da rede pública até R$ 50 para participar de aulas de reforço em matemática.

Esses alunos teriam aulas de reforço ministradas por alunos do ensino médio, os quais receberiam uma bolsa mensal de R$ 115 pelos três meses de duração do programa.
A proposta foi formata numa parceria entre a Secretaria de Estado da Educação, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), professores da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisadores da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). O investimento total no programa será de US$ 663 mil, sendo US$ 130 mil da secretaria, US$ 200 mil do BID e US$ 333 mil de parceiros.

No final da semana a Secretaria Estadual de Educação de São Paulo informou que decidiu adiar a implantação do projeto que previa pagamento de vale-presente a alunos da rede pública de ensino que fizessem e dessem aulas reforço de matemática. A entrega do benefício foi adiada "temporariamente", pois, segundo a assessoria de imprensa da pasta, o projeto "gerou certa polêmica". A equipe da secretaria está "revendo conceitos". Ainda não há data prevista para o pagamento do vale-presente.

A língua portuguesa permite estes prodígios. Como estamos a dois meses da eleição, parece que a proposta tinha motivações eleitorais claras, mas como a repercussão foi negativa, de bônus a mesma poderia se transformar em ônus para o candidato Serra, identificado com a administração estadual paulista.

Contudo, mesmo desistindo “temporariamente” da efetivação da proposta, o assunto não deve ser esquecido e faz-se necessário debater os conceitos educacionais que presidiram a confecção desta engenhosa proposta.

1º. Há uma clara visão de que o “reforço escolar” não faz parte da atividade pedagógica da escola, ou seja, não cabe a escola e aos seus professores, no período regular ou em outro horário, acompanhar o desempenho dos alunos e auxiliá-los nas suas eventuais dificuldades.

2º. Como ampliar a carga horária dos professores, para que ocorra esse acompanhamento, ou mesmo elevar a quantidade de horas destinadas a planejamento da prática docente (hora-atividade, a alternativa de contratar estagiários é mais barata.

3º. A idéia de premiação pelo comparecimento a aula de reforço guarda todos os riscos elencados corretamente pela Professora Lisete Arelaro em entrevista aos jornais paulistas. Para Lisete Arelaro, a iniciativa "é muito ruim" para a educação. "Para você querer que um aluno fique numa aula de reforço, você precisa dar condições para a escola, para um lanche. Se a escola tiver condições, ela não precisa, não deve, pagar dinheiro nenhum", disse.

Um comentário:

Anônimo disse...

Essa é mais uma proposta para a educação, no mínimo, estapafúrdia. Só podia ter partido de São Paulo e desses governo desastrado de lá. Ou já esqueceram dos péssimos livros, envolvendo até pornografia dados aos alunos????

É por essas e outras idéias ridículas, desse tipo aí, que a educação pública vai mal no nosso país. FEDERALIZAÇÃO JÁÁÁA!!!!!!!!!!!!