quarta-feira, 10 de junho de 2009

Policiais agridem estudantes na USP


O enredo

Funcionários da USP estão greve desde 5 de maio. A paralisação teve a adesão de parte dos estudantes e professores na última sexta-feira (5). A reitoria decidiu convocar a Polícia militar para reprimir os grevistas. Uma manifestação contra a presença da Polícia dentro do Campus Universitário terminou em confronto. O confronto começou na rua principal da Cidade Universitária, ao lado da Academia de Polícia e acesso à avenida Valdemar Ferreira.
A reação da Força Tática da PM deu-se com uso de gás lacrimogênio, bombas de efeito moral e disparos de balas de borracha. Diante da ofensiva da polícia, o grupo formado por algumas centenas de estudantes e funcionários passou a recuar para dentro do campus. O avanço da PM chegou até o prédio da História, a quase um quilômetro do portão principal da USP.

Apenas dispersão

O coronel Cláudio Longo, responsável pela operação policial na USP, definiu a ação como "apenas uma dispersão". A PM classificou ainda como autoritária e prepotente a manifestação do grupo contra a presença de tropas dentro da Cidade Universitária. Questionado sobre a participação do governador José Serra no episódio, o coronel optou por uma resposta evasiva. "Isso não é minha decisão. Isso é da lei. Aqui não é bagunça".
Quase uma hora depois do começo do primeiro embate, que ocorreu por volta das 17h, o cheiro do gás lacrimogêncio ainda pairava no ar. Atendentes da uma unidade Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) que estava no local distribuiu máscaras para aliviar os efeitos do gás.
As bombas de efeito moral continuaram estourando por cerca de uma hora também. E o acesso ao prédio da História estava dificultado. O receio dos transeuntes era de ser confundidos com os manifestantes.

Repúdio

A Associação dos Docentes da USP (Adusp) divulgou nota de repúdio à ação da PM na USP, e responsabilizou as autoridades universitárias pelo ocorrido. "A responsabilidade do que está ocorrendo é das autoridades universitárias, que requisitaram as forças policiais para o local onde estava se realizando uma manifestação pacífica de estudantes e funcionários técnico-administrativos."
Na nota, a Adusp pede que "todas as entidades democráticas da sociedade paulista e brasileira a se manifestarem contra a barbaridade que está ocorrendo no campus Butantã da USP."
O deputado Ivan Valente (PSOL/SP) criticou a ação policial e considerou “uma estupidez a toda prova no lugar sagrado do campus se adentrar a Polícia Militar. Aliás, é um fermento para a greve, para a violência, porque universidade não é lugar de repressão. É lugar de reflexão, é lugar de conhecimento, de saber, de diálogo”.

2 comentários:

Anônimo disse...

muito boa a matéria

Anônimo disse...

Resquício da ditadira militar.Assim como a mudança de Império para República, a redemocratização perece não estar presente na sociedade brasileira.