Estes últimos dias as redes sociais foram instrumento de mobilização dos educadores brasileiros comprometidos com uma educação pública de qualidade contra a possível indicação da secretária de educação da cidade do Rio de Janeiro para ocupar a Secretaria de Educação Básica do MEC.
Depois desta instantânea e representativa reação à senhora Cláudia Costin recusou o convite. Pensei que o assunto estava superado e poderíamos ocupar o nosso tempo com outras demandas mais relevantes, mas dois textos que circularam no dia de hoje não permitem que o assunto seja de pronto enterrado.
Um artigo do João Batista Oliveira, ex-secretário executivo do MEC na gestão do FHC destila todo o ódio dos tucanos contra os educadores que se mobilizaram contra a indicação de Costin. Este senhor apresenta o “seu programa” para o MEC e exorta Mercadante a fugir das trevas e seguir a luz que ele apresenta e que Costin representa.
Diz que:
“É preciso libertar o MEC da prisão corporativista em que se meteu. Passou da hora de romper com o dogmatismo ideológico das universidades e núcleos que propagam ideias equivocadas e ineficientes há décadas. (...) É preciso dar espaço a quem tem resultados para mostrar e estimular iniciativas que possuem evidência comprovada de sua eficácia”.
E finaliza bombasticamente:
“O estrago foi feito. Mercadante sinaliza que quer romper com o imobilismo dos que vêm imobilizando o MEC, especialmente na área de educação básica”.
O outro texto, postado no blog de Simon Schwartzman, personalidade da mesma estirpe do autor do primeiro artigo, reproduz um abaixo-assinado de desagravo a Cláudia Costin, elogioso de suas “realizações” à frente da Secretaria de Educação do Rio e assinado por quase todo o governo de FHC. Destaco Pedro Malan, Edmar Bacha, Maria Helena de Castro e Maria Inês Fini, dentre outras pessoas conhecidas.
O que mais me chamou a atenção e me motivou a escrever este post foi a transcrição do discurso da presidenta Dilma no lançamento do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa. Dentre os trechos transcritos destaco os seguintes:
“(...) não há como aferir se as crianças estão seguindo um ciclo de alfabetização efetivo sem avaliar. E não há como fazer isso sem fazer testes objetivos.
(...) Vamos também premiar o mérito. Premiar o que está dando certo. Professores e escolas que se destacarem, que conseguirem alcançar os melhores resultados receberão prêmios”.
É esta linha, exatamente, que a Secretaria Municipal do Rio de Janeiro vem seguindo na gestão de Claudia Costin.
E o manifesto afirma que esta é a linha implementada pela Cláudia Costin na gestão no Rio de Janeiro.
Por isso o título do post pode se converter na pergunta sobre qual é o quadrado de cada um. Sou forçado a concordar parcialmente com os autores do segundo manifesto. A indicação de Cláudia Costin não guardava coerência com o que se espera de uma gestão de esquerda na educação, mas que há muita prática similar entre as duas gestões, isso há.
A reação dos educadores a indicação de Costin deveria ser acompanhada de uma substancial crítica a assimilação por parte do governo federal de conceitos e práticas tucanas na área educacional (não vou falar aqui sobre as outras áreas, por economia de espaço!).
O problema não está no que fazem os tucanos, investindo em exames de larga escala e sistemas de premiação. O que está errado é um governo dito de esquerda ter assimilado o programa do partido adversário.
Em um governo de esquerda não cabe uma Costin, mas no programa implementado pelo MEC ela cabe como uma luva. Esta é uma contradição que precisa ser discutida e enfrentada.
Esta assimilação é que permite a que um João Batista cobre coerência de Mercadante.
Está na hora dos educadores perguntarem pro Ministro: qual é o teu quadrado?
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