Li nos jornais de hoje comentários favoráveis feitos pelo colunista Gilberto Dimenstein acerca da proposta do governador paulista José Serra (PSDB) de condicionar o progresso na carreira do magistério daquele estado aos resultados de exames periódicos feitos pelos professores.
Para o colunista o governador ataca um “ponto nevrálgico: atrair os talentos para dar aula em escola pública”. Não concordo com ele. No artigo Dimenstein afirma que ainda “não dá para saber se o pacote será suficiente, mas está no caminho certo. Paga-se mais para quem se esforça mais, criando-se uma elite de professores, capazes, talvez, de influenciar a rede”.
Ao contrário do que acredita Dimenstein, o governador Serra não está interessado em criar “uma elite de professores” e sim em diminuir o impacto das contas públicas com a progressão na carreira e, ao mesmo tempo, jogar nas costas dos professores todo o problema da qualidade das escolas públicas paulistas.
A visão governamental é de tornar a educação uma mercadoria. Vincular o progresso na carreira do magistério à nota obtida em exames periódicos só irá conseguir fazer com que proliferem cursinhos preparatórios para a dita prova. Só isso.
Não há bons e confiáveis estudos que demonstrem que a utilização do binômio mérito e punição seja suficiente para alcançar qualidade. Por outro lado, inúmeros estudos feitos em nosso país apontam vários caminhos para superar as deficiências e todos apontam para fórmulas simples: melhores salários, condições de trabalho para docentes e servidores, investimento na formação continuada, currículo próximo da realidade dos alunos e democracia escolar.
Um comentário:
Olá Luis!
Parabéns pelo blog, que visito com certa regularidadade, ou quando me interesso pelos assuntos anunciados no e-mail de atualização. Neste caso, em especial (proposta do Governo Serra), embora eu também desconfie que não dará certo, não me sinto encorajado em julgar "intenções", como muitos tem feito (e voce também). Quem pode garantir (sem suspeição) que a intenção do governo é responsabilizar os professores pelo fracasso e, ao mesmo tempo, evitar o impacto de um improvável/impossível aumento generalizado para todos indistintamente? Todas as outras receitas propugnadas (salário, carreira, currículo,infraestrutura, etc, tão decantados nos nossos trabalhos acadêmicos) tampouco foram (tem sido) capazes de mudar esse quadro horroso da educação nacional. Não seria o caso de esperarmos um pouco mais para criticarmos? Quem é que pode afirmar que as duas vertentes de atuação (aquela eternamente defendida e alternativas como essa do governo paulista)são incompatíveis e não possam ser conciliadas?
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