terça-feira, 15 de setembro de 2009

Ensino com fraco desempenho

Os dados publicados pelo INEP sobre o ensino superior são preocupantes. Eles mostram que o congelamento do percentual de investimentos públicos em relação ao PIB no ensino superior, aliado a sede de lucros fáceis do setor privado, constitui em combinação explosiva para o futuro do país.

O CPC – Conceito Preliminar de Curso é um indicador interessante para demonstrar a afirmativa acima. O CPC tem como base o desempenho dos estudantes no Enade e o próprio IDD (Indicador de Diferença entre os Desempenhos Observado e Esperado), que aponta o quanto o curso agrega de conhecimento ao aluno, além de variáveis de insumo como corpo docente, infraestrutura e organização didático-pedagógica do curso.
Pelos dados colhidos nos cursos que participaram do Enade, que representam quase 66% do total, a situação é alarmante. De um total de 4819 cursos, apenas 105 conseguiram alcançar a nota máxima (05), ou seja, apenas 2,2%. Como o universo atingido é bastante representativo e distribuído por todos os estados e por todos os tipos de instituições de ensino, o dado mostra a tragédia da falta de qualidade do ensino superior. Mesmo que agreguemos os cursos com nota 4 e 5, eles representam apenas 18,9%.

No outro extremo temos 32,5% com notas 1 e 2 e quase a metade dos cursos (48,6%) situados na nota 3.

Como já destaquei na postagem do dia anterior, os dados deixam claro que a má qualidade está situada principalmente, mesmo que não exclusivamente, na área privada. Isso é fruto de anos de desregulamentação, perda de capacidade fiscalizadora por parte do Estado Brasileiro e crescimento desenfreado de cursos particulares em nosso país.

Ao se publicar um indicador mais complexo do que simplesmente a nota de saída dos alunos a verdade nua e crua aparece mais nitidamente.

Um comentário:

Anônimo disse...

Luiz e colegas João Monlevade falando. Esta matéria dá muito pano para manga. Vou me limitar a uma questão: as causas da má qualidade dos cursos superiores. Concordo com as três elencadas, mas acho que há uma primordial e esquecida: entre os critérios de acesso, é preciso colocar um pre-requisito mínimo de conhecimentos do ensino médio, sem os quais seria vedada a matrícula em qualquer curso público ou privado. Na verdade, da forma facilitada em que se tornou o acesso, dá-se a oportunidade a instituições mal intencionadas de visar somente o lucro e não a aquisição de conhecimento e habilidades por parte dos alunos. Sei que mais de 70% deles estão abaixo do aproveitamento 50 do ENEM. Mas, tornando-o obrigatório para acesso a qualquer curso, inclusive aos tecnológicos, poder-se-ia ir graduando ano a ano a nota de corte, de forma a influir nos estudos do ensino médio, como recomenda a LDB. João Monlevade