quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Mais do mesmo?

No último dia de 2010 o Portal IG publicou uma entrevista com Fernando Haddad, naquele momento já confirmado por Dilma para permanecer à frente do Ministério da Educação.

Li atentamente para tentar descobrir novidades para o próximo período, mas infelizmente na maior parte da entrevista encontre “mais do mesmo”, ou seja, continuidade do que ele já vem fazendo ou defendendo. Não que isso seja negativo em si, 0mas parece ser uma constante em quem permanece no cargo por mais um período, sejam prefeitos, governadores e ministros: achar que já encontraram o caminho certo e não precisam fazer ajustes.

Selecionei três trechos que me chamaram a atenção. Quando perguntado sobre as prioridades para os próximos anos, o Ministro afirmou que a presidenta “incorporou ao seu discurso a idéia de que temos de atuar da creche à universidade” e criticou “política de foco” que prevaleceu no governo FHC. E listou três prioridades: educação infantil, diversificação do ensino médio e escola de tempo integral.

Sobre a participação financeira da União para que as coisas saiam do papel ele foi bem evasivo, e citando o ProUni afirmou que às vezes a questão não é de recurso e disse que o programa “não custou nada diante do alcance que ele tem”. Ao final minimizou dizendo que “com mais recursos, podemos fazer muito mais”.

Uma parte grande da entrevista tratou da prova nacional de concurso para a carreira docente. Afora anunciar que a mesma deve ser aplicada no início de 2012, chamou minha atenção o trecho que transcrevo abaixo.

“Queremos que os prefeitos e os governadores possam oferecer boas condições de carreira para atrair os melhores profissionais do Brasil. O prefeito tem pouco estímulo para reestruturar a carreira. Estamos dando as condições de eles mudarem o sistema de ensino. Essa prova vai incidir sobre as condições de carreira”.

Do que destaquei posso tecer os seguintes comentários:

1. Espero que a presidenta realmente tenha incorporado ao seu discurso uma atenção universal aos desafios educacionais. A política de focalização não fez nenhum bem a garantia do direito à educação. Mas espero que essa “incorporação” seja também prática e não apenas de discurso.

2. Das três prioridades listadas rapidamente pelo Ministro não tenho discordâncias (e certamente serão listadas outras no decorrer da gestão), mas me preocupa uma contradição entre o desafio de diversificar o ensino médio, que pareceu mais uma preocupação curricular, de formato do ensino médio ofertado e as propostas defendidas pela presidenta no seu discurso de remeter para a iniciativa privada, via ProUni do ensino médio, a expansão do setor.

3. Concordo que são necessários incentivos para que prefeitos invistam na valorização do magistério, mas isso não pode ser resumido à aplicação de uma prova nacional que barateie o ingresso nas esferas municipais. O principal problema para estruturar carreiras atrativas é financeiro. A prova incide lateralmente sobre a carreira, pode melhorar a qualidade dos profissionais que ingressam, mas sem melhores salários e sem garantia de progressão salarial no decorrer do tempo dificilmente a carreira será atrativa.

4. Quando falo que no geral parece “mais do mesmo” é que para o MEC o formato do financiamento já está resolvido, que a contribuição da União já é suficiente. Discordo dessa tese. Na verdade ela está implícita no discurso.

Foi apenas uma primeira entrevista de final de ano, vamos aguardar os posicionamentos futuros para conclusões mais definitivas.

4 comentários:

Anônimo disse...

OLÁ AMIGO, SOU PROFESSOR E GOSTARIA DE SABER COMO FICA O PISO SALARIAL DO MAGISTÉRIO VISTO SER INDEXADO AO VALOR ALUNO/ANO ?
FIZ ALGUMAS PESQUISAS E DESCOBRIR QUE O PISO TERÁ UM REAJUSTE DE R$ 1.575,00 NO ENTANTO SÓ ACONTECERÁ EM 2013.EM 2011 RECEBEREMOS UM REAJUSTE DE 1/3 DO PISO DE 2010 E 2012 2/3 PARA ENTÃO CHEGAR AOS R$1575,00 EM 2013.
TENHO MUITA DÚVIDA A TUDO ISSO, POR FAVOR ME AJUDE.
GRATO.
ENEDILSON OLIVEIRA DOS SANTOS

6 de janeiro de 2011 09:53

Anônimo disse...

CARTA ABERTA À SOCIEDADE
Nós, Agentes Auxiliares de Creche, trazemos por meio desta Carta Aberta à Sociedade, o conhecimento das dificuldades que enfrentamos no dia-a-dia em relação ao cumprimento de nossas atribuições e na promoção do bem estar das crianças matriculadas na educação Infantil, nas creches do Município do Rio de Janeiro, que permanecem sob nossa guarda no período de oito a dez horas, diariamente.
Prestamos concurso para o cargo Agente Auxiliar de Creche da Cidade do Rio de Janeiro, em que o nível de escolaridade exigido para o concurso foi o nível fundamental. O edital conjunto SME/SMA Nº. 08, de 24 de julho de 2007 do concurso relatava que em nossas atribuições básicas ou específicas, teríamos que participar com e auxiliar o "educador" nas atividades das rotinas diárias.
O que encontramos como realidade é bem diferente da redação de nossas atribuições inerentes ao cargo para o qual prestamos concurso. Na prática, não temos a presença do educador em sala e o número de agente auxiliar de creche por turma não corresponde a real necessidade de 25 crianças. Que precisam de apoio em sua higiene básica; serem protegidas para que não sofram acidentes e orientadas pedagogicamente para o seu perfeito desenvolvimento psicofísico.
Várias são as possibilidades de pequenos acidentes acontecerem diariamente, por ter apenas um agente, sozinho, tomando conta de muitas crianças por uma ou duas horas. Ficando, também sob a responsabilidade deste mesmo agente, a elaboração e execução do planejamento pedagógico, bem como a avaliação do desenvolvimento de sua turma.
Nós, agentes auxiliares de Creche, nos sentimos em desvio de função, sem qualificação para tal e sem estarmos recebendo o real valor para que estejamos executando esta função.
Apesar de fazermos parte do Proinfantil (Programa de Formação Inicial para Professores em Exercício) que é exclusivo para Professores Leigos, o Município do Rio de Janeiro não nos considera profissionais do Magistério.
O Proinfantil chegou para regularizar a situação do Município do Rio de Janeiro em relação à LDB e assim poder receber os recursos do Fundeb/Fundef e Banco Mundial.
Sem mais, subscrevemo-nos acreditando que juntos podemos desenvolver uma verdadeira educação que faça a diferença neste país tão assolado pelo descaso com a educação de seu povo.
AGENTES AUXILIARES DE CRECHE.

Ivone disse...

Boa noite Professor.
Parabéns pelo Blog. Bastante informações úteis. Sou professora da rede pública de MG e estou passando pelos blogs divulgando a petição abaixo:

Acabei de ler e assinar o abaixo-assinado online: «Professores das redes públicas mesmo índice de reajuste dos senadores.»

http://www.peticaopublica.com.br/?pi=P2010N4645

Eu concordo com este abaixo-assinado e acho que você também pode concordar.

Assine o abaixo-assinado e divulgue para seus contatos. Vamos juntos fazer democracia!

Obrigada,
Ivone

Anônimo disse...

Para mim esse discurso do Ministro, me "cheira" a embromação. Infelizmente, o governo do PT virou xerox, e fajuta, do PSDB.

Quanto a questão salarial dos professores, já fiz parte de coordenação de sub-sede do sintepp do Pará e já sofri na pele para defender professores massacrados covardemente, até na hora de se aposentar. Na verdade, o que ocorre aqui no Pará, é que muitos, prefeitos, secretários e apadrinhados, surrupiam os recursos do Fundeb. Digo isso porque tive acesso a documentos de compras anos atrás, época do FUDEF. Tentamos denunciar e o promotor aqui do município, na época nos enrolou, dizendo que era preciso comprovar desvios acima de 20 mil reais. Ficamos na retaguarda por anos e sabíamos que a rapinagem era grande, difícil é provar sem uma auditoria criteriosa dos gastos. Mas agora, como temos mais acesso às informações, vamos dar o troco. A equipe atual da subsede é bem preparada e com professores que já atuaram com cargos estratégicos em administrações públicas e conhecem como funciona as maracutais por aqui.

O secretário de Educação que já foi meu aluno e morava em uma choupana, com salário de secretário que não chega aqui no município a 3000000 reais, tem um patrimônio de dar inveja e ex-mulheres pra sustentar, fora outros pilantras que chupam nosso sangue como vampiros.

Iremos dar o troco em breve, e pedir ressarcimento desde 2005 dos 60% do Fundeb (parte dos 60% roubada e é muito) para pagamentos de professores, diretores e técnicos. Estamos contabilizando tudo e checamos que perdemos muito. Vamos apresentar nossas reivindicações salariais com base matemática e estatística e legal. A promotora que vai assumir a comarca disse que vai acompanhar as negociações de perto e "DAR A CESAR O QUE É DE CÉSAR": ESTAMOS DE OLHO NAS AVES DE RAPINA!