terça-feira, 4 de maio de 2010

Desconvidado



Já divulguei neste blog que o INEP está em greve. A postagem mereceu cinco comentários acerca dos problemas enfrentados pela instituição.

No dia de ontem fui convidado e depois desconvidado para um debate sobre o futuro da instituição.

O motivo do convite: exerci de julho de 2003 a fevereiro de 2004 a presidência da instituição. E no ano de 2003 coordenei a área responsável pelo censo escolar da educação básica e durante alguns meses a diretoria responsável pelo censo do ensino superior e pela avaliação das instituições superiores. Neste período também acompanhei o debate sobre a substituição dos contratos via PNUD por servidores temporários.

O motivo da retirada do convite: resistência de funcionários mais antigos acerca do meu posicionamento crítico em relação aos exames coordenados pela instituição.

A última coisa que gostaria de fazer era causar algum prejuízo ao processo de organização dos trabalhadores do INEP, engajados numa luta justa por valorização profissional. Foi neste sentido que não fiquei chateado pela retirada do convite.

Porém, cabe uma reflexão acerca do que vem acontecendo com a instituição nos últimos anos. De uma referência em levantamento de dados educacionais e pesquisas, passou a ser uma agência coordenadora da execução de exames de larga escala. Isso se expressa no seu orçamento ano a ano. Em 2010 nada menos que 44,1% dos recursos alocados no INEP serão gastos para a realização do ENEM. Para a realização do Saeb, Prova Brasil e participação no Pisa a instituição aplicará 10,7%.

O interessante é que para garantir os dados censitários, tanto da educação básica quanto do ensino superior serão aplicados 4% do orçamento e para financiar pesquisas sobre as informações levantadas sobraram apenas 2,7%.

Os programas direcionados a manutenção do Instituto, seja pagando seus servidores, garantindo direitos e auxílios e dotando o INEP de condições materiais estão reservados não mais do que 24%.

Esses números bem que poderiam ser alvo de reflexão dos valorosos servidores da instituição, especialmente quando sabemos que pouco fica internalizado dos recursos alocados para exames de larga escala, todos realizados por meio de enormes licitações.

Bem, mas os processos licitatórios do INEP são assunto para outra postagem.

2 comentários:

Estevon disse...

Post muito pertinente. Elogio a objetividade da leitura sobre o Inep. Acho uma pena que houve certa resistencia dos servidores mais antigos a sua ida ao "Inep em Debate", um espaço construído na greve para reflexão sobre o próprio órgão. Acredito que nunca iremos avançar na democracia enquanto não conseguirmos ouvir respeitosamente uma outra opinião.

Anônimo disse...

Quem estará na "praça dando milho aos pombos" ...