Ontem à noite foi um dia para se
compreender os limites da democracia representativa brasileira. Explico melhor
esta afirmação:
1. Na semana passada a Câmara dos
Deputados cometeu uma heresia ao destinar 50% dos recursos do Fundo Social do
Pré-Sal para a educação. A proposta original do governo destinava apenas os
dividendos.
2. O recurso do Fundo Social está
acordado com o mercado financeiro para ser uma espécie de colchão protetor de
prováveis crises financeiras. Funcionaria como uma poupança para socorrer
empresas e bancos nestes momentos angustiantes, no mesmo formato que temos
presenciado nos EUA, Grécia, Portugal, etc.
4. O governo se rearticulou e
conseguiu reverter a heresia, mesmo que parcialmente, na noite de ontem no Senado.
E a votação foi quase unânime, apenas o senador Randolfe Rodrigues (líder do
PSOL) manteve posição crítica sobre a manobra e pediu preferência para o texto
aprovado na Câmara. Além da bancada governista (sempre disposta a enxergar
virtudes aonde não existe), a oposição conservadora foi da concordância a
omissão.
Era impressionante a falta de
compreensão dos senadores sobre o que estava sendo votado na noite de ontem.
Hoje, até o final do dia, terei
acesso aos números do estrago. O substitutivo é melhor do que o projeto
original da Dilma, mas bem inferior ao que havia sido aprovado pela Câmara.
A votação guarda coerência com o
primeiro pacto proposto pela presidenta foi manter a mesma política econômica
conservadora vigente desde o plano real.
Moral da história: entre o clamor
das ruas e o clamor dos mercados, o governo e o parlamento sempre optaram pelo
segundo. Parece que a votação da semana passada não passou de um ato falho,
algo feito de forma impensada.
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