Durante a votação do Projeto de Lei da Câmara nº. 41/2013,
que estabelece a destinação de royalties e de recursos do pré-sal para a
educação e saúde, o discurso feito pelo líder do governo, senador Eduardo Braga
(PMDB/AM) chegou a chamar o senador Randolfe Rodrigues (PSOL/AP) de mentiroso
por que este afirmava que o seu substitutivo representava perdas para a
educação.
Ouvi de alguns senadores que o Substitutivo mantinha os
mesmos valores destinados pela Câmara e, inclusive, melhorava e agilizava a
chegada dos recursos para a educação. Ouvi de uma senadora que quem discordava
deste discurso era por que não acreditava no governo.
Vejam só como são as coisas. Informações preliminares que
consegui colher junto a consultores da Câmara são assustadoras. Tento explicar
de forma simples:
2. O PLC 41/2013 não resolveu todos os problemas, mas
aumentou o volume dos recursos destinados à educação, especialmente aqueles
oriundos do Fundo Social do Pré-Sal, os quais passaram a representar 50% do
total e não dos dividendos; e
3. Efetivamente o Substitutivo aprovado pelo Senado diminui,
e muito, os recursos destinados a educação. Montei uma tabela comparativa para
melhor explicar as diferenças e as perdas:
Em 2013 havíamos garantido 5,9 bilhões pelo aprovado na
Câmara. Pelo Substitutivo esse valor cai para 850 milhões, uma perda de 5,1
bilhões.
Em 2017 havíamos garantido 14,45 bilhões pelo aprovado na
Câmara. Pelo Substitutivo esse valor cai para 7,53 bilhões, uma perda de 6,9
bilhões.
Em 2022 havíamos garantido 47,83 bilhões pelo aprovado na
Câmara. Pelo Substitutivo esse valor cai para 17,82 bilhões, uma perda de 30
bilhões.
O Projeto da Câmara não resolvia todas as necessidades da
educação para alcançar 10% do PIB para a educação pública, pois acrescia em
2022 o equivalente a 1,1% do PIB. Porém, a redução feita pelo Senado tornou
muito menos eficiente, pois representará em 2022 apenas 0,4% do PIB.
Semana passada a Câmara dos Deputados teve um lampejo de
lucidez. Espero que a pressão das ruas consiga sensibilizar novamente os
deputados e a educação consiga um pouco mais de recursos, mesmo que não todos
os que precisamos para responder aos clamores das ruas por uma educação de
padrão Fifa.
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