Abaixo socializo o inteiro teor da referida carta.
O Pacto pela Educação Pública deve ser o
PNE
que pode ser viabilizado pelo dinheiro do petróleo.
que pode ser viabilizado pelo dinheiro do petróleo.
Cidadãos e Cidadãs,
Caros e Caras parlamentares do Congresso Nacional,
A Campanha
Nacional pelo Direito à Educação, rede composta por mais de 200
organizações mobilizadas e atuantes em todo o Brasil, compreende a educação
pública de qualidade como um dos principais anseios do povo brasileiro, tal
como foi visto nas manifestações que se espalharam por todo país.
A presidenta Dilma Rousseff, no pronunciamento da
última sexta-feira (21/6) e na apresentação dos “cinco pactos em favor do
Brasil”, na tarde de ontem (24/6), relembrou a importância de o país investir
“100% dos royalties do petróleo e 50% dos recursos do pré-sal” em políticas
públicas educacionais, sendo esse o conteúdo central do chamado Pacto pela
Educação Pública.
O momento é oportuno. O Projeto de Lei 323/2007 e
seus catorze projetos apensados, inclusive o PL 5.500/2013, de iniciativa do
Poder Executivo, tramita em regime de urgência na Câmara dos Deputados. Hoje, 25/6, a Campanha Nacional pelo
Direito à Educação se manifestará em audiência pública na Comissão Especial
dedicada a analisar os PLs supracitados e vincular a riqueza do petróleo à
educação. O país não pode perder essa oportunidade. Assim como deve se
dedicar à busca por fontes que viabilizem todos os direitos sociais.
O consenso de que é necessário investir mais recursos
em políticas públicas educacionais é mérito do setor progressista do movimento
educacional. Por meio de argumentos técnicos e articulação política, foi a
sociedade civil quem pressionou e, em interlocução com parlamentares de todos
os partidos, conquistou a aprovação de um patamar de investimento equivalente a
10% do PIB em educação pública, como meta do próximo PNE (Plano Nacional de
Educação).
Em 2011, o Brasil investiu um montante equivalente a 5,3% do PIB em
políticas públicas educacionais. Significa dizer que, até o final da vigência
do próximo PNE, será necessário adicionar um volume de 4,7% do PIB na educação
pública.
Para atingir esse percentual, segundo projeções do
Prof. Gil Vicente Reis de Figueiredo (Ufscar), no artigo intitulado “Todos os
recursos do Fundo Social para a educação até 2020” , será preciso ir muito
além do texto original do PL 5500/2013, encaminhado pela Presidenta Dilma
Rousseff. Pois é insuficiente vincular todas as receitas com royalties dos
contratos firmados após dezembro de 2012 na área de concessão e metade dos resultados
do Fundo Social do Pré-Sal. Portanto, para cumprir com a correta meta de
investimento equivalente a 10% do PIB em educação pública, a área necessita de
toda a receita arrecadada com o petróleo oriunda de contratos exploratórios
atuais e futuros na área de concessão, além da totalidade do Fundo Social do
Pré-sal. E outras fontes de recursos podem ainda ser necessárias.
Considerando que o texto do novo PNE ainda tramita no
Senado Federal, é preciso que o Poder Legislativo, concomitantemente e em esforço
conjunto das duas Casas, analise e vote as duas matérias, sempre à luz das
deliberações da Conferência Nacional de Educação (Conae) de 2010.
Ainda sobre o PNE, na apreciação do texto na CAE
(Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado Federal, conquistas importantes
foram extraídas. Metas de expansão pública tanto na educação superior quanto no
ensino técnico foram excluídas. O investimento na educação básica pública não
está mais vinculado à implementação do CAQi (Custo Aluno-Qualidade Inicial), único
mecanismo de financiamento capaz de mensurar o custo de um padrão mínimo de
qualidade, garantindo boa gestão, infraestrutura adequada e valorização dos
profissionais da educação. Como resultado dessas mudanças, o dinheiro público
não está mais vinculado à educação pública. E, por fim, foi feita uma opção
equivocada por alfabetizar aligeiradamente as crianças aos 6 anos, ao invés de
alfabetizar de forma plena todas elas aos 8 anos de idade ou ao terceiro ano do
ensino fundamental.
Portanto, as alterações nas metas 5, 11, 12 e 20 no texto do novo PNE
aprovado pela CAE precisam ser revistas nas comissões de Constituição e Justiça
e Educação do Senado Federal, preferencialmente retomando-se a redação aprovada
na Câmara dos Deputados.
Essas medidas são importantes para o Brasil construir
uma nova história educacional. Isso exige um “PNE pra Valer!”, capaz de
democratizar a educação pública de qualidade e não apenas expandir vagas, como
tem sido comum em toda nossa história.
A presidenta Dilma Rousseff está certa ao dizer que o Brasil precisa
investir mais recursos em políticas públicas educacionais. Mas isso não basta.
Os recursos novos precisam ser aplicados em um Plano de Estado capaz de fazer com que a
União, os 26 Estados, o Distrito Federal e os 5565 Municípios caminhem para um
mesmo destino, unindo esforços rumo à universalização do direito à educação
pública de qualidade para todos e todas. Ou seja, é preciso afirmar e reiterar:
embora ainda esteja ausente no discurso presidencial, o PNE é o verdadeiro
Pacto pela Educação Pública. E isso precisa ser assumido por todos os
governos e, especialmente, por toda a sociedade brasileira.
O povo brasileiro deve exigir um “PNE pra Valer!”, que garanta
educação pública de qualidade desde a creche até a educação superior. Para
isso, é necessário que o Congresso Nacional aprove a vinculação de todas as
receitas do petróleo com a educação pública, com um esforço para viabilizar o
PNE. E sempre é bom reafirmar: o cumprimento das metas do novo plano exige
10% do PIB para educação pública e a implementação célere do CAQi. O
momento atual exige grandeza, respeito democrático e espírito público dos
governantes e da sociedade. Defender a educação pública é superar o passado,
viabilizar o presente e semear o futuro do país.
Assina: Comitê Diretivo
da Campanha Nacional pelo Direito à Educação:
Ação Educativa
ActionAid Brasil
CCLF (Centro de Cultura Luiz Freire)
Cedeca-CE (Centro de Defesa da Criança e do Adolescente do
Ceará)
CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação)
Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do
Adolescente
Mieib (Movimento Interfóruns de Educação Infantil do
Brasil)
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra)
Uncme (União Nacional dos Conselhos Municipais de Educação)
Nenhum comentário:
Postar um comentário