Uma das polêmicas travadas nas
redes sociais era se estava correto se falar que o “gigante acordou”. Muitos
ativistas do movimento social, que durante décadas vem batalhando contra os
abusos do poder público reagiram e declararam que nunca o gigante esteve
dormindo. E vi também que muitos indiretamente acusaram o movimento de ser
apenas o despertar da classe média, pois a periferia
nunca dormiu.
As coisas são um pouco mais
complexas. É verdade que não começamos a lutar por direitos em nosso país na
semana passada. Isso é óbvio inclusive para a juventude, quanto mais para os
trabalhadores, índios, ambientalistas, professores e a lista poderia seguir por
mais algumas minhas neste post.
Acontece que as mobilizações
colocaram em cena novos atores sociais. A juventude pós-democracia saiu das
redes sociais, do comodismo, da baixa participação e se radicalizou de forma
muito acelerada.
Porém, ao contrário das
mobilizações da década de 80 contra a ditadura ou as dos anos 90 que depuseram
Collor de Melo, as manifestações atuais não estão ancoradas nas organizações
populares ou estudantis existentes, muito menos nos partidos (conservadores ou
progressistas). E isto faz uma enorme diferença.
Um exemplo disso é que críticas aos
gastos e remanejamentos vinculados à Copa do Mundo faziam parte da mobilização
de setores organizados, especialmente da Igreja Católica. Mas estes movimentos
conseguiam atrair apenas a vanguarda do movimento social para suas atividades
e, caso não houvesse um novo ator em cena, suas manifestações teriam ocupado
uma nota de rodapé na imprensa nacional e a cobertura da Copa da Confederações
teria conseguido transformar o país em uma enorme torcida pela seleção.
Outro exemplo é que a UNE realizou
seu último Congresso dias antes da eclosão dos protestos e, apesar de enorme
esforço de mobilização para eleição de delegados, a participação das entidades
estudantis ainda é muito lateral nas manifestações (mesmo que não se possa
dizer o mesmo da participação dos jovens universitários).
Eu acredito que será necessário
aprender com os jovens. A forma de fazer política e de reivindicar os direitos
vai precisar ser reinventada. As nossas entidades sindicais, populares e
estudantis precisarão alterar a sua prática, aproveitar o oxigênio novo que vem
das ruas para se desburocratizar, sair do comodismo das negociações de
gabinete, caso contrário, perderão legitimidade aos olhos do povo que julgam
representar. O desgaste não atinge somente os partidos tradicionais, atinge os
partidos mais ideológicos e as entidades.
Um comentário:
E para piorar as análises de uma atitude popular,que eu particularmente, esperava que acontecesse a qualquer momento, vem o senhor professor e deputado Alfredo Costa e candidato derrotado a Prefeitura de Belém-Pa dizer em entrevista neste domingo na RBA TV que é preciso universalizar o Ensino Superior em todos os municípios brasileiros. Esse senhor apesar de ser professor parece desconhecer a falencia do ensino fundamental e medio no Brasil e da desvalorização do professor(a) que acaba afastando os bons profissionais da carreira do magistério. Agora querer universalizar o ensino superior nessa conjuntura... ME COMPREM UM BURRO!
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