Na manhã do dia de hoje terei a tarefa de falar sobre financiamento para mais de 1000 diretores de escolas e gestores educacionais paulistas. Isso me levou a refletir sobre o que seria interessante e útil falar.
É uma responsabilidade ainda maior quando este evento, promovido pela UNDIME, se realiza dias após a Conferência Nacional da Educação, aumentando a expectativa de que mudanças profundas aconteçam na educação de nosso país.
Em primeiro lugar, é muito importante falar sobre os limites do formato atual de financiamento, composto por uma política de fundos estaduais. Esta política não conseguiu incidir de maneira decisiva na diminuição das desigualdades regionais, ou seja, o dinheiro que circula em São Paulo é fruto de décadas de desenvolvimento desigual em relação ao nordeste, por exemplo.
Em segundo lugar, será momento privilegiado para mostrar que a CONAE apontou alguns novos caminhos para política de financiamento, especialmente ao propor a elevação do percentual de vinculação obrigatória para a educação de todos os entes federados e, principalmente, ao propor um ritmo mais acelerado de gasto direto com a educação.
Em terceiro lugar, não menos importante do que os dois itens anteriores, será destacar que todos os avanços conseguidos na CONAE precisarão de muita mobilização social para que se tornem políticas públicas efetivas. Mesmo tendo sido um evento muito representativo, o desafio da CONAE é converter a mobilização pré-conferência em pressão social pela aprovação das mudanças que ali foram aprovadas. As suas propostas precisarão converter-se em mudanças constitucionais, reformulação das diretrizes e bases da educação e num novo plano nacional de educação.
Por último, é muito interessante a iniciativa da UNDIME de reunir diretores de escola e gestores num evento formativo. A capacitação deste segmento propiciará porosidade às propostas da CONAE. É na escola que o debate de financiamento precisa chegar.
3 comentários:
Luiz,
Boa noite!!!
Estive na palestra hoje e gostaria de começar pela última frase de seu post: "É na escola que o debate de financiamento precisa chegar." É verdade, acredito que sabendo mais sobre este tema, cada um dos atores do processo educativo poderá ser mais ativo no processo de construção de novos rumos para a Educação Brasileira.
Pensando nos novos rumos da Educação Infantil Brasileira, gostaria de discutir sua resposta a uma pergunta feita na plenária sobre a questão da obrigatoriedade de formação específica para educadores de creche, que vc respondeu que legalmente,caso haja o professor não há problema de existir um outro profissional sem formação específica. Pergunto: e educativamente? Quero responder: Muitos! A existência de um outro profissional em sala de aula, além do professor sem formação inicial específica, com direitos,salários e cargas horárias diferentes, com responsabilidades diferentes traz prejuízos enormes para a prática educativa. Estes prejuízos são de ordens diversas desde questões práticas numa dissociação do tão falado educar e cuidar quanto questões mais conceituais de qualidade exigida pelo trabalho: por que um médico não pode ter um auxiliar sem formação técnica específica e um professor pode? São profissões com diferentes graus de importância?
Entendo que já passou da hora de encararmos a Educação Infantil (em especial a derstinada à crianças de 0 a 3 ano) com a importÂncia merecida.
Fico por aqui na crença de que juntos construiremos uma Educação Infantil de Qualidade para todas as crianças brasileiras!
Obrigada pela manhã de hoje!
Abraço,
Aline
Prof. Luiz,
Que privilégio para aqueles que tenham sido ou são seus alunos. De maneira clara, objetiva e divertida, o senhor conseguiu falar de um tema tão difícil (em vários sentidos) sobre financiamento de educação. Simplesmente adorei sua apresentação.
Continuando o comentário da Aline, na Rede de Santos, a partir de 2002, a Secretaria de Educação firmou parceria com uma Universidade e custeou a formação em Pedagogia/Normal Superior, a todos os educadores das creches e escolas municipais que possuiam apenas o magistério (Formação presencial, com duração de 3 anos). Para os educadores, chamados monitores de creche das unidades da Rede e para os educadores das entidades conveniadas que atendem crianças de 0 a 5 anos e que não possuiam sequer o Magistério, a Secretaria, com autorização do MEC, abriu, em 2004, o Curso de Magistério/Normal, presencial, com duração de 2 anos, pós ensino médio, na Unidade Municipal de Ensino Profissional Acácio de Paula Leite Sampaio.
As disciplinas do Curso foram ministradas por educadores da própria rede de Santos, pertencentes às Equipes Técnicas, como Supervisores de Ensino, Diretores, Coordenadores Pedagógicos e Orientadores Educacionais.
Priorizando as categorias citadas acima como as primeiras a receberem essa formação, o Curso passou a ser muito procurado pela população em geral. Esse ano, formar-se-á a última turma desse curso cujo currículo é excelente.
Assim, em tempos de inclusão e aproveitando-se a experiência profissional daqueles que não possuem a teoria, mas atuam na prática, o poder público local investiu na formação de todos os educadores.
Sou Lilian Pitta, Diretora de Escola (concursada, pois aqui todos os funcionários públicos de todos os cargos são concursados) 26 anos de magistério, sendo 20 na Prefeitura de Santos.
Enquanto a educação for na base do quebra galho, o que vemos é isso que está acontecendo, fracassos e mais fracasso. A Educação Básica, da pré-escola até o Ensino Médio já é um cáos,fico imaginando a situação das creches e educação Infantil.
Com relação às creches e Educação Infantil, na maioria dos municípios, a incompetência para lidar e educar as crianças em idades iniciais da vida, é uma constante nesses espaços "educativos".
É triste, de vez em quando, quando uma mãe fala pra mim que seus filho (a) sofreu maus tratos na creche ou na escola. Minha resposta é simples: As creches e escolas que existem, deveriam dar acompanhamento adequado às crianças com pessoal devidamente qualificado em pedagogia, psicologia, etc. e licenciaturas e estímulo a esses profissionais como valorização e formação continuada.
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