Acaba de ser publicada uma nova
versão do relatório da deputada Dorinha, que trata da PEC 15, que torna perene
o FUNDEB.
Feita uma leitura rápida, percebi
três alterações. Comento cada uma delas.
O formato atual permite que o
governo utilize até 30% das receitas vinculadas obrigatoriamente a manutenção e
desenvolvimento do ensino (MDE) para cobrir a complementação. O restante deve
sair de outras fontes não vinculadas, como se diz, do tesouro.
O relatório publicado semana
passada baixava este percentual para 15%, o que obrigaria o governo gastar 85%
com MDE e buscar mais recursos do Tesouro para pagar a complementação. Tal
medida reforçaria o gasto com universidades e institutos federais, por exemplo.
Ano passado a complementação foi de 15,2
bilhões, sendo que 30% representou 4,5 bilhões.
Se somarmos os 15% que não
poderiam sair mais do MDE (2,25 bis) mais o crescimento de 5% na complementação
prevista para o primeiro ano, o governo teria que injetar 9,9 bilhões de
recursos novos.
Foi certamente daí que veio a ideia
de usar a quota federal do salário educação, o que já cobriria 8,5 bilhões.
A nova versão do relatório volta
ao patamar anterior, sendo necessário acrescer de dinheiro novo 7,6 bilhões.
Está óbvio que este recuo está
diretamente vinculado a saraivada de crítica que o relatório sofreu ao propor
mexer na quota federal do salário-educação.
E, infelizmente, não houve recuo
no artigo 11 que trata desse assunto, apenas uma mudança de redação para deixar
claro que se trata apenas do dinheiro da quota federal, posto que a redação
anterior era dúbia.
Em resumo: voltaram a comprometer
30% das receitas vinculadas para tentar provar que é possível não mexer nos
programas federais hoje financiados pelo salário-educação. Não foram inseridos
percentuais máximos de aplicação, por exemplo, ou seja, continuamos
viabilizando a proposta do Guedes de repassar para os estados e municípios a
responsabilidade de financiar alimentação, transporte, manutenção cotidiana nas
escolas e, quem sabe, até livros didáticos.
A terceira mudança foi o
estabelecimento de prazo de dois anos para que as leis estaduais incorporem a
mudança no formato de distribuição da cota municipal do ICMS, cuja proposta
garante que 10% de 35% seja ancorado “em indicadores de melhoria nos resultados
de aprendizagem e de aumento da equidade, considerado o nível socioeconômico
dos educandos”. Já divulguei texto combatendo essa proposta. Demanda dos
governadores, mas que não muda a essência temerária do texto do artigo 2º do
Substitutivo.
Corre uma informação de que
talvez a reunião de amanhã, marcada para votar o relatório, seja adiada, vamos
ver.
Quem sabe aumentando a pressão da
sociedade civil se consiga recuar dos pontos ruins do texto e forçar a
publicação de nova versão do relatório. Confio na luta e sei que sem ela não se
consegue vitórias.
Um comentário:
Se conseguimos avançar um pouco mais com as mobilizações, que nos aguarde dia 08 e dia 18.
Sabemos que isto ainda não e o suficiente para uma educação pública de qualidade.
Queremos 40% de complementação por parte da união .
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