segunda-feira, 16 de março de 2020

Antes que seja tarde


Todos os especialistas estão alertando para o crescimento exponencial do número de infectados com o coronavirus. A experiência internacional comprova isso e nos diz que duas providências são urgentes: isolamento social e estrutura para atender os casos graves.
A Itália está um caos por que custou a tomar providências drásticas. Quem tomou providências na hora certa conseguiu achatar a curva de incidência da pandemia e se preparar melhor.
E o Brasil? Estamos mal, muito mal. Vejamos:
1.       Não há uma determinação nacional para garantir o isolamento social. Cada governador, cada prefeito, cada universidade ou cada entidade esportiva é que está decidindo, de forma descoordenada, diminuindo os efeitos benéficos das medidas.
2.       A maioria das pessoas é obrigada a continuar trabalhando, ou seja, precisam se deslocar. Ajuda parar as escolas, mas os país e as mães vão de metrô, de BRT, de ônibus para o trabalho, superlotados como todos os dias. Os servidores públicos estão sendo dispensados, mas são minoria na população trabalhadora. Não resolve e acaba parecendo um certo privilégio.
3.       O presidente, que lidera um governo cheio de terraplanistas, nega a ciência, chama a pandemia de fantasia, sai de quarentena para cumprimentar duas centenas de golpistas em frente ao Palácio. Deve ser um dos poucos governantes que age dessa forma.
4.       Nossas fronteiras continuam abertas e o controle de quem chega do exterior é praticamente inexistente. Ou seja, além de começarmos a ter transmissão comunitária (interna e sem condições de identificar a origem), ainda continuamos trazendo mais possíveis casos de fora.
5.       A economia já está estagnando, mas quem sofre são os que vivem do trabalho. E, especialmente, os 40 milhões no mercado informal, uberizados. O consumo vai começar a cair e as medidas do governo são cosméticas.
6.       Uma parte da população ainda não entendeu ou foi motivada para cumprir as regras de isolamento. As cenas das praias cariocas lotadas, a manutenção de baladas e colações de grau em SP são exemplo disso.
É urgente uma mudança de atitude, antes que já não tenhamos mais condições de espaçar no tempo os casos e o sistema público de saúde entre em colapso, sistema esse que já não possui condições hoje para dar conta de uma pandemia.
1.       Acho que devemos parar todas as atividades não essenciais, parar mesmo, tipo Espanha e Itália. Temos menos condições do que eles para frear o vírus e estamos fazendo de conta que não é sério. Governantes não querem isso por que vai gerar descontentamento, especialmente na classe média individualista, ciosa do seu direito de ir e vir e também nos patrões, que não vão querer pagar os trabalhadores sem que eles produzam.
2.       Isso tem um custo econômico, mas para que serve o dinheiro da nação se não for para salvar o povo que dela faz parte? A prioridade deve ser os mais humildes e que possuem rendas precárias e sem vínculo.
3.       Devemos suspender os cortes e aumentar a dotação para o SUS. Quem pode nos salvar é a rede de atenção básica que seguidos governos não conseguiram destruir.
4.       Defendo que se fechem as fronteiras e todos brasileiros que cheguem fiquem em quarentena, na quantidade de dias que a OMS recomenda.
5.       E que o governo pare com essa história de testar apenas quem estiver em estado grave. Tentativa hipócrita de justificar a indisposição de gastar nosso dinheiro com nossa saúde. Uma pessoa sem sintomas pode infectar centenas. E aí vamos gastar muito mais dinheiro do que o que deveria ser aplicado na prática de testar todos que apresentarem algum sintoma.
6.       Parlamento brasileiro, especialmente enquanto não tivermos ninguém são ocupando a presidência, não pode fechar. Quer dizer que os trabalhadores podem acordar cedo, pegar um metrô lotado, trabalhar numa fábrica ou loja com dezenas de outras pessoas e nossos representantes não podem pelo menos duas vezes por semana se arriscar? Não dá para parar o parlamento e o povo continuar trabalhando.
Ahhh, e aproveitando que temos muitas juntas médicas de plantão, uma delas poderia examinar o atual presidente do país. Para o bem do povo brasileiro quem sabe dá para interditá-lo.

Nenhum comentário: