Todos os especialistas estão alertando para o crescimento
exponencial do número de infectados com o coronavirus. A experiência
internacional comprova isso e nos diz que duas providências são urgentes:
isolamento social e estrutura para atender os casos graves.
A Itália está um caos por que custou a tomar providências
drásticas. Quem tomou providências na hora certa conseguiu achatar a curva de
incidência da pandemia e se preparar melhor.
E o Brasil? Estamos mal, muito mal. Vejamos:
1.
Não há uma determinação nacional para garantir o
isolamento social. Cada governador, cada prefeito, cada universidade ou cada
entidade esportiva é que está decidindo, de forma descoordenada, diminuindo os
efeitos benéficos das medidas.
2.
A maioria das pessoas é obrigada a continuar
trabalhando, ou seja, precisam se deslocar. Ajuda parar as escolas, mas os país
e as mães vão de metrô, de BRT, de ônibus para o trabalho, superlotados como
todos os dias. Os servidores públicos estão sendo dispensados, mas são minoria
na população trabalhadora. Não resolve e acaba parecendo um certo privilégio.
3.
O presidente, que lidera um governo cheio de
terraplanistas, nega a ciência, chama a pandemia de fantasia, sai de quarentena
para cumprimentar duas centenas de golpistas em frente ao Palácio. Deve ser um
dos poucos governantes que age dessa forma.
4.
Nossas fronteiras continuam abertas e o controle
de quem chega do exterior é praticamente inexistente. Ou seja, além de começarmos
a ter transmissão comunitária (interna e sem condições de identificar a
origem), ainda continuamos trazendo mais possíveis casos de fora.
5.
A economia já está estagnando, mas quem sofre
são os que vivem do trabalho. E, especialmente, os 40 milhões no mercado
informal, uberizados. O consumo vai começar a cair e as medidas do governo são
cosméticas.
6.
Uma parte da população ainda não entendeu ou foi
motivada para cumprir as regras de isolamento. As cenas das praias cariocas
lotadas, a manutenção de baladas e colações de grau em SP são exemplo disso.
É urgente uma mudança de atitude, antes que já não tenhamos
mais condições de espaçar no tempo os casos e o sistema público de saúde entre
em colapso, sistema esse que já não possui condições hoje para dar conta de uma
pandemia.
1.
Acho que devemos parar todas as atividades não
essenciais, parar mesmo, tipo Espanha e Itália. Temos menos condições do que
eles para frear o vírus e estamos fazendo de conta que não é sério. Governantes
não querem isso por que vai gerar descontentamento, especialmente na classe
média individualista, ciosa do seu direito de ir e vir e também nos patrões,
que não vão querer pagar os trabalhadores sem que eles produzam.
2.
Isso tem um custo econômico, mas para que serve
o dinheiro da nação se não for para salvar o povo que dela faz parte? A
prioridade deve ser os mais humildes e que possuem rendas precárias e sem
vínculo.
3.
Devemos suspender os cortes e aumentar a dotação
para o SUS. Quem pode nos salvar é a rede de atenção básica que seguidos
governos não conseguiram destruir.
4.
Defendo que se fechem as fronteiras e todos
brasileiros que cheguem fiquem em quarentena, na quantidade de dias que a OMS
recomenda.
5.
E que o governo pare com essa história de testar
apenas quem estiver em estado grave. Tentativa hipócrita de justificar a indisposição
de gastar nosso dinheiro com nossa saúde. Uma pessoa sem sintomas pode infectar
centenas. E aí vamos gastar muito mais dinheiro do que o que deveria ser
aplicado na prática de testar todos que apresentarem algum sintoma.
6.
Parlamento brasileiro, especialmente enquanto não
tivermos ninguém são ocupando a presidência, não pode fechar. Quer dizer que os
trabalhadores podem acordar cedo, pegar um metrô lotado, trabalhar numa fábrica
ou loja com dezenas de outras pessoas e nossos representantes não podem pelo
menos duas vezes por semana se arriscar? Não dá para parar o parlamento e o
povo continuar trabalhando.
Ahhh, e aproveitando que temos muitas juntas médicas de
plantão, uma delas poderia examinar o atual presidente do país. Para o bem do
povo brasileiro quem sabe dá para interditá-lo.
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