Estou participando ativamente dos debates da Conferência
Nacional da Educação e algumas surpresas. A maioria delas foi gratificante.
A primeira é a constatação de um saldo dos debates
eleitorais econômicos para o campo educacional. Apesar do aparente consenso
existente em torno dos dogmas macroeconômicos, uma bandeira ressuscitada pela
candidata do PSOL começou a ganhar força no seio dos ativistas educacionais.
Refiro-me a proposta de priorizar a regulamentação do Imposto sobre Grandes
Fortunas.
Apesar deste imposto estar previsto na Constituição desde
sua promulgação em 1988, há um óbice de classe para que seja efetivada.
Motivados pela clara ausência de fontes seguras para financiar o Plano Nacional
de Educação, há uma crescente defesa da regulamentação deste imposto para
ajudar a alcançar o percentual de 10% do PIB para a educação.
A segunda surpresa foi hoje durante o debate que participei
como palestrante. Duas delegadas afirmaram que o debate do Custo Aluno
Qualidade estava colocando em xeque a continuidade da política de fundos e
gostariam de saber qual seria o desdobramento desta situação.
Confesso que mesmo estando participando do debate de
formulação do Custo Aluno Qualidade e sendo um defensor da mudança de ótica
redistributiva que esta ferramenta introduz no debate educacional, não havia
mensurado o quanto esta mudança de lógica, ou seja, de pensar primeiro o que
queremos de qualidade na escola e somente depois discutir o quanto precisa para
financiá-la, pode incidir no debate sobre continuidade ou não da atual política
de fundos existente.
Lembro que em 2020 termina a validade do Fundeb e o debate
sobre sua reformulação acontecerá sob a égide do Custo Aluno Qualidade, o qual
precisa ser implementado até junho de 2016.
A terceira surpresa veio de uma pergunta de uma aluna da
graduação da UnB. Ela quis saber se uma pesquisa que façamos sobre políticas
públicas influenciará nas políticas públicas existentes. A pergunta ficou na
minha cabeça a cada vez que me inscrevi para falar na CONAE. Como pesquisador
na área de financiamento devo sempre me questionar o quanto o conhecimento que
ajudo a produzir deve estar auxiliando os principais interessados na melhoria
da educação. Colocar o que pesquisamos nos espaços da CONAE é uma excelente oportunidade.
Uma Conferência é o acúmulo de debates ocorridos nas etapas
anteriores, mas também é fruto dos embates que ocorrem na sociedade. E a
pesquisa acadêmica deve incidir positivamente para fundamentar a luta por uma
escola pública, laica e gratuita.
Nenhum comentário:
Postar um comentário