Durante todo o dia de hoje participei dos trabalhos do Eixo
VII da Conferência Nacional de Educação que versa sobre financiamento.
Enfrentamos um problema em toda a Conferência e que acabou
aparecendo bastante no eixo de financiamento. É que as emendas ao texto base
foram discutidos e aprovados nos estados antes da aprovação do novo Plano
Nacional de Educação. O teor da Lei exige posicionamento da CONAE sobre
polêmicas novas e o regimento interno proíbe emendas novas ao texto.
Exemplo deste “deley” é a necessidade de protestar e tentar
reverter o teor do parágrafo quarto do artigo 5º da Lei do PNE, que permite
contabilizar como gastos educacionais proporcionais ao PIB tudo que o Estado
Brasileiro subsidia o setor privado.
Feito este esclarecimento, quais as questões aprovadas na
plenária do Eixo VII que representam inovação e avanços políticos para a defesa
da educação pública?
Foi incorporado como uma forte reivindicação a
regulamentação do “Imposto Patrimoniais sobre Grandes Fortunas e Movimentação
Financeira, além de exigir que as parcelas de impostos vinculados não venham a
ser atingidos, por concessão em isenções fiscais”. Esta decisão está atrelada a
necessidade de angariar mais recursos para viabilizar a meta de alcançar 10% do
PIB
Foi dado um prazo até maio de 2015 para que o Custo Aluno
Qualidade Inicial, nos moldes do Parecer CNE/CEB nº 08/2010. Este é um prazo
que está vinculado ao fato de que para que o CAQi, previsto na estratégia 20.10
do PNE, seja implementado até 2016 os seus impactos financeiros devem ser
inseridos nas Leis Orçamentárias da União, Estados, Distrito Federal e
Municípios. Também foi aprovado a constituição de uma comissão de diálogo
interinstitucional para construir a regulamentação do CAQi.
Foi um acordo costurado pela sociedade civil e o MEC. A data
de maio guarda um triste simbolismo por que a Resolução completará cinco anos
de espera pela sua homologação no gabinete do Ministério.
Algumas questões relevantes foram debatidas de forma
truncada, especialmente pelo formato regimental da Conferência. Uma delas foi o
transporte escolar e sua ligação com a necessidade de aperfeiçoar a assistência
estudantil no que concerne o transporte de estudantes universitários.
Resolveu-se a demanda de maior presença da União no financiamento do transporte
escolar da educação básica, mas não se avançou numa configuração clara sobre
quem transportará e quem pagará a conta do transporte dos universitários de
suas cidades para suas escolas superiores.
Concluo registrando uma constatação que muito me alegrou. O
conceito do Custo Aluno Qualidade e a primazia deste na luta pela
reconfiguração dos parâmetros do financiamento da educação básica foi muito
evidente, aparecendo em várias emendas e já incorporada no texto base. É uma
vitória importante, por que aumenta a pressão sobre os entes federados,
especialmente sobre a União, para implementar um novo padrão de financiamento
educacional.
Um comentário:
Estimado, Luis Araújo, você fez um belo e conciso relato da plenária do eixo VII. Os presentes indicaram um crédito de confiança no governo Dilma para que, sem mais protelações, encontre uma solução negociada para a homologação do Parecer n. 8 do CNE sobre o CAQi.
Zé Marcelino
Fineduca
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