Apesar de várias tentativas de mudar o relatório do Senador
Pimentel (PT/CE), a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado aprovou por
unanimidade o texto com pequenas alterações. O PLC 103 de 2012 segue agora para
a Comissão de Constituição e Justiça e depois para a Comissão de Educação. Após
esta tramitação irá para o plenário do Senado.
Por que afirmo que foi um retrocesso?
1º. As mudanças mais importantes feitas pelo relator foram
direcionadas a reverter a principal derrota que o governo sofreu na Câmara dos
Deputados. Por pressão da sociedade civil foram incluídas obrigações de
participação pública nas metas de crescimento da educação profissional e do
ensino superior. A consequência foi o aumento das responsabilidades federais. E
também foi garantido a destinação de 10% do PIB para a educação pública.
2º. A postura do MEC nas negociações e do seu relator foi de
manter o que era principal e ceder apenas em coisas adicionais. Alguns
exemplos:
a.
O relator recolocou a meta intermediária de 7%
no texto da Meta 20, mas manteve a redução do percentual da meta por via da
retirada do termo pública da redação. Ou seja, 7% não vale o mesmo que valia
antes.
b.
Não mexeu nem na Meta 11, nem na Meta 12 e
manteve a troca do termo pública por “gratuidade”.
c.
Não garantiu a implantação do CAQi nos próximos
dois anos e deixou o termo “definir”, ou seja, daqui a dois anos encerra o
prazo para o governo definir o que é o CAQi e só depois é que começará a contar
o prazo (não estabelecido) para implantá-lo. Quem sabe pro próximo plano
2021-2030?
d.
Não garantiu que os recursos atualmente
distribuídos via royalties fossem destinados à educação, mantendo redação
semelhante ao teor do projeto do governo.
3º. É verdade que o relator retirou a necessidade de laudo
médico para atendimento diferenciado para portadores de deficiência e alguns
outros reparos, mas nem mesmo reintroduzir a meta intermediária altera o
principal: o governo conseguiu reduzir a conta que teria que pagar e, de
quebra, conseguiu inserir o pressuposto de que o crescimento da oferta escolar
se dará em parceria (palavra bonita!) com a iniciativa privada.
Bastidores não são suficientes.
Uma das lições que a sociedade civil deve tirar desta
primeira fase de tramitação do PNE no Senado é que somente articulações de
bastidores, por mais bem intencionadas que sejam, não serão suficientes para
reverter os retrocessos implementados pela bancada governista.
Sem mobilização social efetiva os retrocessos tendem a se
aprofundar. E quero propor que todos os setores populares utilizem os espaços
das conferências municipais de educação, primeira etapa da CONAE para
desmascarar o que está acontecendo no Senado Federal.
E, obviamente, para as próximas etapas de tramitação, não
sou contra que se continue com as reuniões nos bastidores, por que isso força
os relatores e o governo a escutarem a sociedade civil. Mas, de maneira
combinada, será essencial reproduzir a mobilização que já foi feita quando do
debate do FUNDEB e na tramitação na Câmara. Para isso é necessário escolher os
temas e as emendas que todos trabalharão para aprovar e priorizar reverter os
retrocessos que hoje foram aprovados.
Um comentário:
Boa noite professor! Já há algum entendimento de como vai ficar o piso em 2014?
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