Após dois meses da posse do ministro Cid Gomes na gestão do
MEC já se faz necessário tentar entender os rumos que o titular da pasta
pretende implementar. Sua equipe já está minimamente composta, já ofereceu
inúmeras declarações à imprensa e fez movimentações políticas.
Em primeiro lugar, o novo ministro iniciou o mandato
“descascando uma batata quente”, quando teve que anunciar o novo valor do piso
salarial nacional. Acossado pela suspeita que não seria um gestor simpático ao
piso, pelo seu passado de questionamento da legislação, anunciou 13% de
correção, para afastar as suspeitas. Porém, mesmo tendo sido governador de um
estado nordestino, até agora não moveu um palito para garantir as condições
técnicas e políticas para a União complementar estados e municípios que
comprovarem dificuldade de pagar o piso, como manda a legislação.
Em segundo lugar, tanto na composição ministerial,
especialmente com a nomeação do professor Palácios para a Secretaria de
Educação Básica, como seus comentários favoráveis a realização de um ENEM
online, o ministro se mostra concordante com a primazia das avaliações de
aprendizagem em larga escala como parâmetro de avaliação das redes escolares.
Desconhece toda a crítica acumulada sobre a inconsistência deste caminho e os
efeitos nocivos de sua aplicação (repasses financeiros e bonificações
vinculadas ao desempenho de aprendizagem e ranqueamento de escolas e redes).
Em terceiro lugar, mas não menos importante, mostrou-se
bastante fiel a política de ajuste fiscal implementado por Dilma e Levy neste
segundo mandato. Disse que 7 bilhões de reais cortados do Orçamento do MEC não
fariam falta, mesmo sabendo que cortar custeio das universidades e institutos
tecnológicos nesta proporção causará precarização dos serviços e, possivelmente,
fechamento de algumas atividades.
Em quarto lugar, fez movimentações políticas contraditórias.
Ao mesmo tempo que visitou a sede da Campanha Nacional pelo Direito à Educação,
o que poderia parecer uma postura de mais diálogo com a sociedade civil. Porém,
não se movimentou na direção do atendimento de nenhum dos itens reivindicados,
especialmente não fez nenhum gesto concreto para a regulamentação do Custo
Aluno Qualidade, por exemplo. Foi mais uma medida de “ganhar tempo” com os
adversários (no caso a sociedade civil).
E, no afã de se manter na mídia, virou piada nas redes
sociais ao elogiar as virtudes pedagógicas da apresentadora Xuxa Meneguel.
Bem, são apenas dois meses, mas não foram nada animadores.
Vamos ver como ele se comporta diante do início da campanha salarial dos
professores e servidores das instituições federais, evento que promete fortes
emoções para os próximos meses.
Um comentário:
Nada de novo no horizonte, a não ser vermos entra e sai Ministro, e tudo ficar pior do que estava antes.
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