Normalmente uso este espaço para
criticar medidas políticas ou administrativas do governo, especialmente na área
da educação. Certamente o governo é pródigo de oferecer material para tal
procedimento.
Contudo, para não dizer que não
falei de flores, gostaria de destacar como positivas uma série de mudanças que
estão sendo implementadas na relação do FNDE com os municípios, especialmente
nos programas direcionados ao atendimento da educação infantil.
Destaco três mudanças positivas:
1ª. Quando fui secretário de
educação de Belém (1997-2002) a relação dos gestores municipais com o FNDE era
de um verdadeiro balcão de negócios. Quase tudo dependia do "quem
indica" e dependia de convênios. Destaco que na área acadêmica tais
problemas foram brilhantemente discutidos pela pesquisadora Rosana Evangelista
Cruz. Nesta área houve uma sensível melhora no decorrer da última década. Hoje,
ao contrário, quase todos os programas estão inseridos no PAR - Plano de Ações
Articuladas - PAR, inclusive as emendas parlamentares precisam ser inseridas
neste contexto.
2ª. Depois de décadas de
reivindicação o MEC passou a financiar a expansão da rede escolar,
especialmente para a educação infantil. O surgimento do Pro-infância fez parte
desta mudança de rota nesta área. E no decorrer da implementação alguns
entraves vivenciados pelos municípios foram sendo superados. A criação de um
padrão construtivo, que auxilia pequenos e médios municípios com baixa
capacidade técnica e financeira foi importante, assim como a flexibilização de
algumas regras que estavam travando a atratividade do programa.
3ª. O financiamento de parte do
custo de manutenção das unidades de educação infantil enquanto seus alunos não
são contabilizados no FUNDEB foi outra medida positiva e que era reivindicação
de prefeitos e dirigentes municipais de educação.
Hoje, em audiência pública na
Comissão de Educação do Senado, ouvi do presidente do FNDE, José Carlos
Freitas, uma detalhada exposição sobre a sistemática de Registro de Preço
Nacional - RPN, que tem conseguido licitar em larga escala e, por meio da
adesão a ata de preços, os municípios podem adquirir bens ou construir escolas
com preços mais atrativos. Ele falou de uma economia média de 21,5% em relação
aos valores de mercado. Tal formato desonera os municípios do custoso e
demorado processo licitatório local, evitando constantes vícios e desvios, um
ganho de escala no valor das compras; e uma compra com mais rigor na qualidade
dos produtos adquiridos.
Falta muita coisa nesta área,
dentre elas a participação federativa nos órgãos colegiados do FNDE e uma
profunda revisão do formato de financiamento da educação infantil. além disso,
acho que a União possui potencial financeiro para ter participação mais
incisiva em muitas áreas críticas, dentre elas o transporte escolar, cujo
participação percentual não passa de 15% e é uma despesa com grande importância
nas finanças educacionais municipais.
Mas anotar os progressos é uma
forma de apoiar determinados caminhos trilhados. Aprofundá-los, sem sombra de
dúvida, é uma necessidade.
Um comentário:
Fantastic!
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