Em fevereiro o Grupo Tarpon, fundo americano que gerencia
universidades naquele país (21% dos negócios estão nesta área) comprou a Abril
Educação, que estava em crise por 1,3 bilhões.
Agora, com dinheiro em caixa, a nova Abril Educação anunciou nesta quinta-feira (18) a aquisição de 100% da operação da
Saraiva Educação (725 milhões), braço do grupo formado por selos como Atual,
Benvirá, Editora Saraiva, Editora Érica e sistema de ensino Ético. Segundo FSP,
a operação abrange o catálogo de livros didáticos, paradidáticos,
universitários, jurídicos, ficção e não ficção.
A reportagem cita que o grupo já é dono de marcas
como Wise Up, Red Balloon e Anglo e que já atua nos setores de editoras,
escolas e sistemas de ensino básico e técnico, cursos preparatórios para
concursos, ensino a distância e idiomas.
Analistas avaliam que o interesse da Abril Educação
é crescer, com a venda de livros e serviços, em regiões que no futuro terão
maior direcionamento de recursos do governo para educação.
"Ela já é forte em sistemas de ensino no
Sudeste. Agora, a marca Ético, que é forte no Nordeste, pode ajudá-la a alcançar
a região, onde ela vinha tendo dificuldade de crescer. O Norte também ficará
mais acessível", afirma Gabriela Cortez, analista do BB Investimentos.
O que esta notícia diz respeito ao Plano Nacional
de Educação? Tudo. Vejamos:
1.
O mercado pede a todo momento ao governo que faça sinalizações que
tranquilizem os investidores privados. O governo Dilma, acossado por denúncias
e infidelidade de sua base, tem caprichado nesta tarefa, vide pacote fiscal,
elevação da taxa de juros e pacote de privatizações.
2.
No campo educacional, no meio de forte crise, os que possuem reservas
saem as compras, foi assim em 2008 e continuará sendo assim enquanto o
capitalismo for capitalismo, pois concentrar propriedade é da sua essência. As
empresas em crise serão compradas pelas maiores e as maiores compradas pelo
capital internacional.
3.
O mercado, sempre mais bem informado do que os educadores, sabe que as
sinalizações do governo são de cada vez mais abrir as portas do setor público
para a iniciativa privada. E isso vale para a área educacional. Isso pode ser
via abrindo novas áreas para prestação direta do serviço, mas pode ser abrindo para
o setor áreas anteriormente exclusivas do setor público. Temos exemplos nos
dois casos.
Ao contrário da imprensa brasileira, parece que o
fundo Tarpon está mais otimista com a economia brasileira. E bastante otimista
com o retorno na área educacional. Como a renda das famílias brasileiras está
caindo, a expectativa de retorno não é a entrada no mercado consumidor de mais
brasileiros, o fundo americano está de olho nos recursos públicos.
Simples assim. A Pátria Educadora, na versão
transnacional, está em pleno vapor.
Um comentário:
O governo gasta muito mau os recursos da educação. Aqui no Colégio que trabalho no interior do Estado do Pará, os livros estão mofando em uma sala e poucos são usados; até porque não veio em número suficiente para os alunos. Essa verba deveria vir direto pra escola, e os professores utilizarem na confecção de apostilas envolvendo o conteúdo programático que é bastante extenso. Governantes burros e ladrões, compram livros apenas pra encher a conta desses empresários safados e gananciosos e levarem a propina deles nas licitações fraudulentas. Nossas indicações de livros raramente são aceitas e mandam porcaria mesmo.
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