Na tarde do
dia 11 de dezembro (quarta-feira) será votado o Plano Nacional de Educação no
plenário do Senado Federal. E isso acontecerá faltando nove dias para se
completar três anos de tramitação. Caso a referida votação aconteça, ainda
teremos o retorno do Projeto para a Câmara dos Deputados, ou seja, PNE que é
bom só ano que vem.
Acaba de ser
inserido na página do Senado o Substitutivo do Governo (http://www.senado.gov.br/atividade/materia/detalhes.asp?p_cod_mate=108259)
ou seja, o texto que a maioria da Casa tentará aprovar. O referido texto é
assinado pelo senador Vital do Rego (PMDB), relator da matéria na CCJ.
O que o
governo quer (e não houve intensa pressão social) aprovar?
1. O texto, mais uma vez, retira
qualquer referência a que o percentual de 10% do PIB de investimentos públicos
seja usado exclusivamente na rede pública de ensino. A palavra pública é
excomungada do PNE mais uma vez. Sai do parágrafo 3º do artigo 5º e sai do
texto da Meta 20.
2. O substitutivo garante que sejam
contabilizados dentro dos 10% do PIB todos os recursos públicos repassados para
o setor privado, sejam aqueles amparados pelos artigo 213 da Constituição
Federal (para privadas que sejam filantrópicas, comunitárias e confessionais) e
também em programas de bolsas concedidas em troca de isenções fiscais e
financiamento estudantil.
3. Suprime a destinação de 50% dos
recursos arrecadados com o bônus de assinatura pagos pelas empresas nos leilões
de petróleo sejam direcionados à educação. O governo considera que o dinheiro
existente já é suficiente.
4. Altera o texto sobre o Custo
Aluno-Qualidade. Ao invés de estabelecer dois anos para sua implantação, o
governo quer este prazo para defini-lo. Ou seja, não existe prazo legal para
implantar um padrão mínimo de qualidade, ou dito de outra forma, não teremos
padrão mínimo tão cedo em nosso país.
5. Ainda sobre o CAQ, o novo texto
suprime a proposta de que, ao ser implantado, caberia a união complementar
financeiramente todos os estados e municípios que não tivessem recursos
suficientes para efetivá-lo. É a melhor demonstração de que a intenção não é
implantar um padrão de qualidade nos próximos dez anos.
6. O Substitutivo do governo manteve uma
redação que não garante a primazia da educação inclusiva. A redação confusa
trata com mesmo peso o direito constitucional de ter oferta de educação
inclusiva com a oferta de turmas ou escolas exclusivas.
7. O texto também não consertou as
alterações feitas na Meta 5, que no Senado foram encurtando o prazo para que a
alfabetização de nossas crianças se complete, redação que provocará nocivas
alterações curriculares nas escolas brasileiras.
8. A palavra pública também foi retirada
da Meta 11. Na Câmara havíamos conquistado que 50% das novas vagas de educação
profissional seriam públicas. Hoje 57% são privadas. O governo retirou o termo “pública”
e colocou “gratuita” no lugar.
9. A mesma maldade foi feita na Meta 12,
onde havia a garantia de que 40% das novas vagas do ensino superior seriam
públicas, mas que agora não haverá nenhuma garantia, podendo perfeitamente
continuarmos com 74% das matrículas nas mãos do setor privado.
Para não
dizer que o voto do governo não avança em nada (acusação que sofrerei com
certeza) o senador Vital do Rego não insistiu com a absurda interpretação de
que colocar prazo para determinadas obrigações aos entes federados era
inconstitucional.
A
quarta-feira será tensa e marcada pela vontade do governo de aprovar um PNE que
não aumente despesas (afinal o “mercado” pede tal postura todos os dias nos
editoriais!) e que esvazie avanços importantes na busca por uma educação pública
de qualidade.
Só sei de
uma coisa: tal postura deve contar com a aguerrida e decidida oposição de todas
as entidades da sociedade civil. É o mínimo que se espera!
Um comentário:
Luiz: tem um erro de digitação logo no título... rs
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