Hoje a tarde deve se encerrar mais uma etapa da via crucis
do Plano Nacional de Educação em sua tramitação no Congresso Nacional. A partir
de 14:30, na Comissão de Educação do Senado, será votado o Relatório do Senador
Álvaro Dias (PSDB/PR).
O que realmente estará em jogo neste votação?
1. Após a aprovação do texto do PNE na Comissão Especial da
Câmara dos Deputados ficou claro que tinha ocorrido uma melhoria do texto
originalmente enviado pelo governo federal, especialmente no quesito
financiamento da educação. No principal embate o governo perdeu, pois foi
aprovada redação na Meta 20 que garantia 10% do PIB para a educação pública até
o final da vigência do PNE.
2. Além da Meta 20, outros três aspectos deixaram o governo
insatisfeito com o resultado na Câmara. Nas Metas 11 e 12 o Substitutivo da
Câmara estabelecia percentuais de participação pública nas novas vagas a serem
criadas (50% para o ensino profissional e 40% para o ensino superior) e foram
introduzidas estratégias colocando o Custo Aluno-Qualidade (CAQ) como
referência para a política de financiamento da educação e delegando à União a
tarefa de complementar financeiramente estados e municípios que não
alcançasse4m este patamar de qualidade.
5. Na Comissão de Constituição e Justiça, sob a relatoria do
Vital do Rego (PMDB) os retrocessos foram consolidados e foram retiradas todas
as referências a prazos que constavam do Projeto. Também houve piora na redação
da Meta 5 (idade limite pra alfabetizar nossas crianças) e na Meta 4. A redação que permite
contabilizar gastos com o setor privado foi "aperfeiçoada".
6. Na Comissão de Educação, pela primeira vez, a relatoria
foi ocupada por um membro da oposição conservadora (PSDB), no caso o senador
Álvaro Dias. Seu relatório possui virtudes e defeitos. Dentre as virtudes está
uma clara retomada dos principais aspectos do texto da Câmara que haviam sido
retirados. Destaco o retorno dos percentuais de participação pública nas metas
11 e 12 e do CAQ. Também recolocou a palavra pública no texto da Meta 20.
7. Seu relatório tentou, mas não conseguiu resolver o
problema da relação entre o público e privado. Apesar de ter colocado o termo
"pública" de volta, a sua nova redação do parágrafo sexto do artigo
5º manteve, mesmo que em caráter excepcional, a possibilidade de contabilizar
recursos direcionados para o setor privado durante a vigência do plano. A
sinalização é para priorizar o público, mas na prática autoriza repassar e
contabilizar tudo que é direcionado para o setor privado.
8. Existem outros problemas, especialmente na Meta 4 e 5,
mas seu relatório será atacado pelas sua virtudes e não pelos seus defeitos.
Existe uma enorme dúvida sobre os motivos do adiamento de
ontem para hoje da votação. Pode ser que o governo queira negociar e o relatório
saia um pouco melhor do que os textos aprovados nas comissões anteriores. pode
ser que use o tempo apenas para arregimentar votos para derrotar as virtudes do
texto.
Pro bem e pro mal a dúvida acaba no início da tarde.
Um comentário:
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