Normalmente nos espaços institucionais as falas de
convidados e autoridades são comedidas e muitas vezes beiram a falsidade.
Porém, em raros momentos, em um deslize ou um gracejo, a máscara cai.
Uma das figuras mais conservadoras do jornalismo educacional
é, sem sombra de dúvida, o senhor Cláudio Moura Castro. Está sempre disposto a
falar as piores diabruras contra os professores, contra os sindicatos, contra
qualquer proposta inovadora.
Ontem (22.10) este senhor desferiu todo seu ódio contra o
Plano Nacional de Educação m tramitação. Sua queixa é que a sociedade civil
está influenciando demais o texto, o qual deveria ser redigido por um grupo de
notáveis (ele incluído, obviamente), o que evitaria a incorporação no texto de
concessões a estes segmentos de ideias atrasadas.
Pois bem, em determinado trecho, este senhor afirmou que
apresentaria a sua proposta para aumentar o "capital humano" em nosso
país. Bastaria o governo pagar um bônus para as "caboclinhas"
cearenses e pernambucanas para que as mesmas casassem com os engenheiros
estrangeiros que estão migrando para estes dois estados, devido a falta de
mão-de-obra nacional para setores de extração do petróleo.
Quem são as caboclinhas referidas por este senhor? Todas as
mulheres pobres e com baixa escolaridade que vivem no Nordeste. Elas seriam as
culpadas por não termos a escolaridade europeia ou americana.
Qual a forma de resolver este problema na visão deste
senhor? Importar civilização, ou seja, oferecer nossas mulheres como gueixas ou
prostitutas para técnicos estrangeiros civilizados, que portadores de alta
escolaridade, ficariam aqui devido a engenhosa estratégia governamental
(pagamento de bônus para que as mulheres segurassem os estrangeiros em
território nacional) e ajudariam a mudar a visão do povo inculto.
Qualquer semelhança com o olhar do dono do engenho (desde a
Casa Grande) para seus escravos (na Senzala) não é mera coincidência. É
recorrente o olhar preconceituoso da elite local perante as dificuldades do
povo brasileiro.
Acho que pessoas da estirpe do Cláudio Moura Castro vivem o
drama de serem elite e terem nascido em um país do terceiro mundo, periférico e
cheio d pobres por todos os lados. Não tendo força pra exterminá-los, se isolam
em condomínios de luxo, compram casas em Miami, mandam seus filhos estudar na
Europa ou nos EUA (procedimento que vivenciamos desde o Brasil Colônia) e
arrotam soluções higienizadoras contra a pobreza.
São estas elites que abominam as cotas e chamas médicas
cubanas de empregadas domésticas ou de escravas.
O que reforça a permanência e o prestígio de personalidades
deste tipo é a falta de reação pública e institucional nos momentos em que as
mesmas são sinceras e, em tom jocoso, revelam sua verdadeira visão sobre o povo
brasileiro.
Meus avós vieram do Nordeste e foram para o Norte na época
do esforço de guerra e da produção da borracha. Meu avô nunca aprendeu a ler e
meu pai completou os estudos no Projeto Minerva. Hoje dou aula na UnB e estou
terminando o doutorado na USP e sei que o esforço e a dedicação deles me
ajudaram a chegar onde cheguei. Se o Estado Brasileiro não tivesse expandido a
cobertura da escola pública eu não teria chegado onde cheguei.
Não sei vocês que agora estão lendo este post, mas eu fiquei
muito indignado com esta manifestação preconceituosa com os nordestinos, com as
mulheres e com o povo brasileiro tão sofrido. Se quase 30 milhões de
brasileiros são considerados analfabetos funcionais e se 14 milhões nunca
sentaram num banco escolar, certamente a culpa é também desta elite que nos
governa desde tempos idos.
Vejam a fala preconceituosa deste senhor: http://www.youtube.com/watch?v=Lvbks5tXeSU
6 comentários:
Lamentável mesmo, esse senhor deve ter viajado no tempo do século em que viveu o Domingos Jorge Velho o caçador de índios e escravos, vai ver é contemporâneo dele por lá. Onde será que a máquina do tempo dele ficou estacionada?
Simplesmente revoltante. Não conhêço essa pessoa , e nem quero ter o desprazer de conhecer.
Ângelo Rodrigues Alba - Santos- SP
Outro notório "odiador da educação pública" atende por Gustavo Ioschpe, o "especialista" em educação da "conceituada" e "idônea" revista veja.
Realmente é dureza a situação da educação pública, coisa que não deveria acontecer. A palhaçada toda começou, apesar que antes a educação acumulava problemas sérios, quando constituintes imbecis e da elite, querendo lucrar com a falência da educação pública, deram-lhe o tiro de misericórdia aprovando no texto constitucional, que, trocando em miúdos, o Ensino Fundamental ficaria com os municípios (o que não é bem assim), o Ensino Médio ficaria com os Estados (também o que não é bem assim), e a Educação Superior com o Governo Federal (que também não é bem assim), ainda bem que muitos prefeitos não assinaram até hoje a tal municipalização da educação. Foi aí que a coisa desandou a partir de 1998, quando resolveram cumprir essa lorota de municipalização, em um país, que já trás no sangue o maldito coronelismo imperial. Deveriam ter aguardado mais uns 50 anos para se pensar em municipalização, principalmente nos lugares mais remotos dos grandes centros urbanos, monitorados melhor pelos cidadãos mais conscientes e pela mídia. Infelizmente, o que assistimos hoje na educação nacional, entre as experiências metodológicas fracassadas (verdadeiro escambau ilustrado), desvalorização, preconceitos, etc., e que ninguém se entende, todo mundo quer ser Paulo Freire, Emília Ferreiro, Malba Tahan, etc., uma zorra generalizada onde os alunos levam a pior - fracassam e os professores na ponta do sistema, levam a culpa.
Aliás, vocês devem lembrar, esse desgoverno que está aí e que promoveu a falência do Ensino Fundamental e do Médio aqui no Pará, naquele desgoverno já do Almir ( …..Fujão) e depois do “Preguiça”, alardearam que com a municipalização, o Estado focaria no Ensino Médio trazendo grandes avanços, tudo lorota, o Fundamental vive seus piores índices do Ideb e o Médio virou um abandono só, quem acreditou, se ferrou!!!!
Sinceramente, não sei o que um elemento desse faz aqui no Brasil, ele que vá com malas e cuias para os raios que o parta, se ele reúne todas as condições, financeiras, econômicas, "intelectual" e todas as outras que ele considera necessárias, que vá viver em qualquer outro lugar que não o Brasil.
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