A BBC Brasil repercutiu nos últimos dias um relatório do Sistema Econômico Latino-americano e do Caribe, com sede em Caracas, sobre a fuga cérebros dos países pobres e do Terceiro Mundo para países centrais.
A América Latina e o Caribe compõem a região com maior proporção de profissionais qualificados vivendo no mundo desenvolvido --um fenômeno que se acentuou nas duas últimas décadas. De acordo com o estudo, o total de latino-americanos qualificados que vivem nos países da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) passou de 1,92 milhão em 1990 para 4,9 milhões em 2007 --uma alta de 155%.
Isso equivale a dizer que 11,3% da mão-de-obra qualificada da região vivia em um país rico em 2007.
No México, país que iniciou um tratado de livre comércio com os Estados Unidos em 1994, esse aumento foi de 270%.
O secretário permanente do Sela, José Rivera Banuet, disse à BBC que, como 60% dos migrantes que saem para os países ricos acabam trabalhando em áreas diferentes de sua formação, os conhecimentos desses indivíduos acabam perdidos para os países de origem e desperdiçados nos países de destino.
"Um dos desafios é o de encontrar um equilíbrio entre as necessidades nacionais de reter os especialistas em certas profissões ao mesmo tempo em que se desenvolve a cooperação com os países de destino", afirmou.
Já o número de brasileiros qualificados trabalhando nos países da OCDE saltou de 63 mil em 1990 para 218 mil em 2007. Em 2007, estima-se que os brasileiros qualificados trabalhando fora correspondiam a 2,3% da força de trabalho qualificada total de 9,4 milhões.
Esta reportagem deveria provocar uma reflexão sobre como deveria ter se dado a inserção brasileira no mundo globalizado. Tendo sido totalmente dependente e sem projeto nacional, mesmo com uma economia diversificada, o Brasil e os demais países latino-americanos continuarão formando profissionais e, ao mesmo tempo, deixando que estes fujam para locais onde as oportunidades profissionais são mais promissoras.
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