quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Educação básica à deriva



No final do ano o senhor Weintraub apresentou um balanço de seu primeiro ano de gestão. Em 40 slides, tentou apresentar algum feito, algo digno de atenção, mas foi um esforço inútil. Analiso hoje o que foi dito sobre a educação básica.
Na exposição não foi apresentado nada de relevante para a alfabetização de nossas crianças. Apenas a adesão a mais um teste de larga escala internacional e a promessa de financiar 5000 cantos de leitura, agora batizados de Conta para Mim, o qual ao invés de professores, pagará 300 a 400 reais para tutores. E neste ano o secretário de educação básica disse que o Proinfância será prioridade.
A realidade de 2019 foi bem diferente do exposto. Nada foi feito de relevante na educação infantil. O Proinfância já havia sido desidratado pelo Temer e seguiu do mesmo jeito. Apenas 30 milhões de recursos alocados e apenas 13% foram pagos.
Para o restante da educação básica apresentou números de programas existentes (Transporte, Alimentação e Livro Didático) e três programas do novo governo: Escolas Cívico-Militares, Educação Conectada e Educação em Prática.
O carro chefe de suas ações foi o financiamento do que estão chamando de escolas cívico-militares, modelo já existente e que recentemente foi desnudado por dossiê da Revista Brasileira de Política e Administração da Educação (https://seer.ufrgs.br/rbpae/issue/view/3872/showToc), periódico da Associação Nacional de Política e Administração da Educação (ANPAE), organizado pelas professoras Miriam Fábia Alves (UFG) e Catarina de Almeida Santos (UnB) trazendo artigos selecionados sobre uma temática tão relevante e preocupante para o cenário da gestão e políticas educacionais.
No que tange ao financiamento, os 54 milhões prometidos são todos para custear militares, sendo 28 milhões para Ministério da Defesa e 26 milhões para Polícias Militares e Bombeiros estaduais. As esperadas reformas de prédios viraram contrapartidas estaduais e municipais.
A educação em prática é surreal. Alardeada como criação de espaço de complementação de jornada do ensino médio em universidades privadas, talvez por que não decolou, a exposição anuncia um projeto piloto para 2021, é isso mesmo, no balanço de 2019 é listada uma ação que seu projeto piloto somente acontecerá em 2021.
O PNATE teve um valor empenhado menor do que em 2018, mesmo que o valor já pago seja 5% acima. Nada de extraordinário se considerarmos a inflação. A mesma coisa podemos dizer do PNAE que teve desembolso um pouco menor do que em 2018.
Ou seja, com exceção de 54 escolas cívico militares, o governo nada fez pela educação básica em 2019 e, mesmo no campo das promessas, quase todas são vãs e temerárias.
Nenhum comentário sobre o Plano Nacional de Educação, sobre o que foi feito para cumprir o conjunto de metas que são diretamente relacionadas a educação básica.
Assim, perdemos um ano. Um ano a menos para resolver os graves problemas da educação brasileira.

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