No dia 27 de dezembro passado foi publicada a Portaria
Interministerial nº 19 de 2013, que estabeleceu os valore projetados de receita
do FUNDEB para 2014, calculando também o valor por aluno em cada uma das etapas
e modalidades.
Nos últimos dois anos, antes de findar o exercício e
pressionado pelas repercussões financeiras do piso salarial do magistério, O
governo federal tem reeditado o conteúdo das suas portarias e recalculado os
valores por aluno e a respectiva receita do fundo, puxando sempre pra baixo o
reajuste do piso dos professores.
Parece que desta vez o governo resolveu ser mais
parcimonioso e publicar uma previsão mais conservadora de crescimento das
receitas do fundo para 2014, diminuindo riscos e tensões.
Dez dias antes o governo já havia recalculado os valor de
2013, por meio da Portaria Interministerial nº 16, de 17 de dezembro de 2013.
Com esta publicação, o crescimento do valor mínimo por aluno (indexador do
reajuste do piso) despencou de 19% previstos inicialmente para 8,32%.
Analisando o comportamento das receitas do Fundeb nos
últimos dois anos e comparando com o previsto para 2014, fica claro o
conservadorismo do governo. Em 2013 o crescimento de receitas estaduais e
municipais foi de 8,36% e o projetado para este ano é de apenas 5,47%,
percentual inferior a inflação de 2013, que bateu na casa de 5,8%.
Em todos os anos que acompanho o desempenho das receitas
estaduais e municipais sempre a variação delas ficou acima da inflação. A
estimativa de variação publicada pelo governo só pode ter três explicações:
1a. O desempenho da economia brasileira vai ser mais
sofrível do que foi em 2013 e o governo sabe disso e não conta pra ninguém. Tal
previsão justificaria uma queda da receita para percentuais abaixo do índice inflacionário;
2a. O desempenho vai ser sofrível, mas a inflação vai cair a
patamares pequenos, o que colocaria a variação das receitas em patamar superior
aos da inflação;
3a. O governo resolveu diminuir as expectativas dos
professores de que 2015 poderá ser um ano de melhor reajuste salarial e atendeu
aos desejos dos governadores e puxou pra baixo as estimativas de receita.
A primeira explicação não me parece muito factível, não que
haja no horizonte elementos de recuperação econômica consistente, pelo contrário,
mas não consigo enxergar dados de aprofundamento da crise mundial que levassem
o governo a tal conservadorismo.
A segunda explicação é um pouco mais plausível, mas fica no
campo dos desejos oficiais, que sonham com uma inflação de 4,5% no ano eleitoral.
Acho que o mais provável é que simplesmente o governo tenha
resolvido ser bem conservador (prática que tem se tornado muito cotidiana em
todos os setores governamentais) e publicado uma portaria que pode ser revista
para cima, ao contrário dos últimos anos, que sempre o governo era obrigado a
corrigir suas estimativas para baixo.
Dez fundos estaduais estão cotados para receber ajuda
federal para complementar seus valores. A lista praticamente se manteve
inalterada durante toda a vigência do Fundeb, apenas entrando e saindo o fundo
do estado do Rio Grande do Norte. Os demais (Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará,
Maranhão, Pará, Paraíba, Piauí e Pernambuco) continuam precisando de ajuda
federal todos os anos, sendo que no Pará, Maranhão e Bahia esta ajuda é muito
expressiva.
Novamente foram reservados recursos para auxiliar estados e
municípios (localizados na área de abrangência dos fundos citados acima) a
pagarem o piso salarial nacional do magistério. Todos os anos o dinheiro é
reservado, não é disponiblizado e volta para os fundos estaduais e é
redistribuído pelos critérios de matrícula no inicio do ano seguinte. A
probabilidade é que aconteça com o valor de R$ 1 bilhão o mesmo que aconteceu
nos anos anteriores.
Importante: Há uma associação direta entre comportamento das
receitas nacionais e valor mínimo por aluno, mesmo que a variação não precise
ser idêntica. Tanto que a correção prevista para o valor indexador do piso é de
13,01% e das receitas é de 5,47%. A explicação está no comportamento das matrículas,
quando as mesmas não crescem rapidamente podem provocar um crescimento do valor
nominal por aluno maior do que o crescimento do volume de recursos. É o caso em
2014.
Mesmo com a ação do governo veremos muitos governadores e
prefeitos já reclamando da correção prevista para 2015 de 13%.
5 comentários:
E por falar em valorização profissional do Magistério, por incrível que pareça, ainda tem pessoas, e, muitos ditos professores, que acham que os professores estão sendo valorizados com essa política do absurdo do MEC/Dilma/Mercadante, fala sério. O Piso nacional do Magistério não avançou praticamente nada! é o mesmo valor do mínimo dos mínimos 722 acrescidos de 100 reais (em São paulo o mínimo é em torno de 800 reais). Onde está a valorização diante de tantos reajustes de preços do que consumimos? Lembrando que a inflação medida pelo governo passa muito longe da inflação que se vivencia na realidade do dia a dia.
Governo que prioriza copa do mundo e doido pra se reeleger dá nisso aí.
No Rio de Janeiro querem federalizar a Universidade Gama Filho e outras particulares. O Governo tem é que federalizar a Educação Básica, que vai de mal a pior e recebe muito menos investimentos percentuais em relação ao PIB que o chamado Ensino Superior, um verdadeiro absurdo. Nesse país, em termos de educação, fazem o contrário, " querem começar a casa pelo telhado", ai, ai...
É preocupante, em alguns municípios do Pará, o repasse do Fundeb, foi inferior ao ano anterior, simplesmente uma redução próximo de 3%. Acredito que por mais eficiente que possa ser a gestão destes recursos, e estão longe disso, a concentracao deles nas mãos do governo federal, que ja deveria ter uma política de repasses com percentuais mais elevados, como se pleiteia (10%), já deveria ser uma realidade... em ano eleitoral vamos ver o que acontece, mas ano que vem a vida continua.. Como?
Antonio Geraldo C. da Costa
Antônio, concordo que houve redução. No entanto, é bom lembrar, que nossos "gestores" da área educacional aqui no Pará, são "mestres" em dar sumiço em recursos públicos e enricarem do dia pra noite, com notas fiscais fantasmas, escolas com reformas superfaturadas, contratações de barqueiros no interior para transportar alunos muito além do necessário, funcionários na folha do Fundeb fantasmas, etc, etc,... Esses "gestores" colocam qualquer David Cooperfield (mágico americano ilusionista) no bolso, e, são capazes de limpar sua porta cédulas num pisacar de olhos colocando esses mestre da mágica numa saia justa.
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