sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Um nó que precisa ser desatado


Um dos problemas que deve prender as atenções dos gestores públicos no próximo período é, sem sombra de dúvida, a baixa matrícula líquida do ensino médio em nosso país.

Os números da última PNAD mostram que 50,9% dos jovens de 15 a 17 anos freqüentam escolas de ensino médio. E o interessante é que a escolarização bruta chegou a 85,2%, ou seja, milhões de jovens estão presos no ensino fundamental.

Além de o percentual ser baixo ele não está igualmente distribuído entre as regiões e os estados brasileiros. Assim, os piores desempenhos se localizam nas regiões Norte Nordeste (39,1% e 39,2%) e o melhor desempenho é da região Sudeste, com 60,5% dos jovens estudando na etapa correta.

Verificando a situação dos estados é possível ver que o Pará tem o pior percentual de cobertura líquida, com apenas 31,6% dos jovens no ensino médio. Depois temos o estado de Alagoas (33,3%) e Piauí (34,4%).

Na outra ponta, com percentual maior de inclusão correta temos o estado de São Paulo, com 68,8% e o Distrito Federal com 64,1%.

O novo plano nacional de educação precisará se debruçar sobre este problema. O anterior previa dentre suas metas o seguinte:

“oferecimento de vagas que, no prazo de cinco anos, correspondam a 50% e, em dez anos, a 100% da demanda de ensino médio, em decorrência da universalização e regularização do fluxo de alunos no ensino fundamental”.

Somente agora (2009) alcançamos a meta de 2006 (50%) e este desempenho pode ter várias explicações, dentre elas, uma não regularização do fluxo no ensino fundamental.

Um comentário:

Anônimo disse...

Luiz e colegas Há, pelo menos, três questões por detrás desses vergonhosos 50,9% de estudantes de 15 a 17 anos no ensino médio. O primeiro tem a ver com a retenção no fluxo do ensino fundamental. Sucessivas reprovações, desde os anos iniciais, jogam os estudantes para o mundo do trabalho ou para a EJa, ou para ambos. Aqui, em nome da honestidade estatística, seria importante fazer uma correção numérica, para se obter os que verdadeiramente não concluem o ensino médio nas diversas coortes. E, mais que tudo, evitar as retenções, contra as quais temos todo o peso da inércia da "cultura da repetência". A segunda questão tem a ver com os desencontros de idades. Se as crianças começam o ensino fundamental com duração de nove anos só depois de completarem 6 anos, é claro que de abril a dezembro do último ano do ensino médio já terão completado 18 anos. Haveria, portanto, um desencontro com os critérios da PNAD e nunca passaríamos de 75% de cobertura líquida. Finalmente, a questão das vagas em relação ao local de residência: na zona rural é difícil se encontrar uma escola com ensino médio e o transporte escolar nem sempre é uma boa política; nas grandes cidades, temos escolas centrais vazias e periféricas abarrotadas. Que venha o PNE com estratégias mais criativas. Agora, o que é de lascar é a baixa qualidade do ensino e da aprendizagem nas escolas de ensino médio. Parece que a moçada só está ali para "passar o tempo", chegar aos 18 anos e aí, sim, levar o tranco da realidade e correr atrás do tempo perdido. João Monlevade