Em tempos de questionamento dos dogmas neoliberais esta deveria ter sido a manchete da mídia quando da divulgação feita pelo INEP dos dados relativos ao desempenho dos cursos das instituições de ensino superior.
No inicio do mês de setembro o Inep divulgou os resultados obtidos pelos cursos de graduação que participaram do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes em 2008. No total são 7.329 os cursos avaliados, nas áreas de matemática, letras, física, química, biologia, pedagogia, arquitetura e urbanismo, história, geografia, filosofia, computação, ciências sociais e engenharia, além de cursos da área de tecnologia em alimentos, análise e desenvolvimento de sistemas, automação industrial, construção de edifícios, fabricação mecânica, gestão da produção industrial, manutenção industrial, processos químicos, redes de computadores e saneamento ambiental
Segundo o portal do Inep foram apresentados, para cada um dos cursos, o Conceito Enade e o Conceito Preliminar de Curso (CPC). A tabela de resultados ainda traz o número de alunos ingressantes e concluintes presentes no Enade, as médias dos dois grupos na formação geral, específica e global da prova e o Indicador de Diferença entre os Desempenhos Observado e Esperado (Conceito IDD).
O Conceito Enade 2008 reflete a média obtida pelos estudantes concluintes dos cursos avaliados. O CPC tem como base o desempenho dos estudantes no Enade e o próprio IDD, que aponta o quanto o curso agrega de conhecimento ao aluno, além de variáveis de insumo como corpo docente, infraestrutura e organização didático-pedagógica do curso.
Considero que os dados extraídos do CPC são os mais relevantes, por que avaliam não só o desempenho dos alunos nas provas, mas também as condições oferecidas para que tal resultado seja alcançado. Uma das novidades interessantes do Enade foi considerar que o que deve ser medido é o quanto a instituição acrescentou de conhecimento ao aluno, pois o estágio de entrada destes é bem diferenciado. Encontrar o que foi agregado de conhecimento é fundamental.
Tentarei comentar vários aspectos dos dados divulgados. Hoje comento o fato de que as instituições públicas estão melhor avaliadas que as privadas, mostrando que, ao contrário do que afirmaram os arautos neoliberais, na área pública é que se faz pesquisa e se investe numa educação de qualidade, mesmo com todas as dificuldades.
Foi detectado que 21,37% das instituições apresentam notas de 1 a 2, ou seja, possuem desempenhos muito ruins. A rede privada possui 24,18% de suas instituições nesta situação, enquanto que a rede pública são 16%. No outro extremo da tabela, temos apenas 12,46% das instituições com notas de 4 a 5. A rede pública possui 23,26% de suas instituições neste intervalo, enquanto que a rede privada apenas 6,80%.
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