terça-feira, 8 de setembro de 2009

Modismo

Desta vez a noticia vem da cidade de Vila Velha, no estado do Espírito Santo. Segundo a imprensa, os professores e funcionários de escolas municipais de Vila Velha que alcançarem resultado acima da média nacional na Prova Brasil vão receber um 14º salário no fim do ano.

Entrevistado, o secretário municipal de Educação, Heliosandro Mattos, justificou a medida da seguinte forma: "O professor motivado e mais bem remunerado rende muito mais na sala de aula. Queremos valorizar o magistério e, com isso, alcançarmos resultados cada vez melhores para os alunos".

O objetivo de Vila Velha, segundo Mattos, é melhorar as notas no Ideb e na Prova Brasil nos próximos anos. Ele diz, ainda, que o município está investindo na qualificação de professores e oferecendo gratificações também para aqueles que desenvolvem projetos para além das salas de aula.

A decisão da Prefeitura de Vila Velha de oferecer um salário a mais para professores e funcionários de escolas com média acima da nacional na Prova Brasil é vista pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Estado (Sindiupes) como paliativa e excludente.

"Ela parece boa, a princípio, mas não é. A melhoria da qualidade do ensino não depende só do professor. Além disso, todo professor merece ganhar bem e ter incentivo para melhorar a qualidade da educação", argumenta Swami Bérgamo, diretor de comunicação da entidade.

Na mesma linha do sindicalista, a professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Ufes, Cleonara Schwartz, considera que a valorização do magistério não pode passar pela premiação. "A medida é equivocada. Educação é um processo mais complexo que a simples relação aluno-professor".

Concordo com Swami e Cleonara. A premiação de professores tendo por base o desempenho dos alunos no exame Prova Brasil é totalmente inadequada. Aliás, remunerar por premiação em si já é equivocado. As condições das escolas e o desempenho dos alunos dependem de vários fatores, a maioria deles está longe da governabilidade dos docentes.

É um modismo neoliberal que enxerga a escola como uma empresa e a educação como uma mercadoria. Nada mais antigo e precisando ser superado.

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