Os professores da maior rede pública do país decidiram cruzar os braços à partir de 8 de março. Com esta decisão, a rede estadual pública enfrenta a primeira grande greve do ano.
Os motivos não são novos e, infelizmente, são recorrentes: excesso de temporários, falta de plano de carreira, avaliações punitivas e coisas do tipo.
Reproduzo as explicações dadas pelo sindicato dos professores (Apeoesp) para os pais e alunos.
Pela dignidade do Magistério e pela qualidade da educação
Senhores pais, prezados alunos,
Você deixaria um estudante de medicina realizar uma cirurgia em seus pais ou filhos em lugar de um médico habilitado e experiente? Supomos que não. Então, por que o governo estadual permite e incentiva que estudantes e pessoas não habilitadas ministrem aulas no lugar de professores habilitados?
Com uma simples prova, o governo decidiu quem pode ou não pode ministrar aulas, desconsiderando aqueles que estudaram quatro ou cinco anos para serem professores. Com isto, não está respeitando a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que determina que somente professores habilitados podem ministrar aulas. Muitos estudantes, tecnólogos e bacharéis estão ocupando essas funções.
Mas não é só isso! Todos nós percebemos que a rede estadual de ensino está um caos. As escolas estão desaparelhadas e os professores, desmotivados. O governo do Estado parece ver os professores como adversários e não como profissionais que merecem ser valorizados e bem remunerados. Acumulamos muitas perdas ao longo dos anos, pois não há uma política salarial, mas apenas bônus e gratificações.
Vocês vêem a forma desmazelada com que o governo trata as escolas estaduais. No ano passado, foram até distribuídos materiais com erros grosseiros, palavrões e temáticas inadequadas para os nossos alunos.
O governo mente na sua propaganda. Onde estão as escolas com dois professores em sala de aula? Onde estão os laboratórios de informática abertos nos fins de semana com monitores?
Através de provas e avaliações, o governo discrimina professores, não garante cursos de formação no local de trabalho, mantém salas superlotadas e não realiza concursos públicos. Hoje, 100 mil professores (ou 48% do total) são temporários. Não é possível trabalhar bem nestas condições, o que prejudica a qualidade do ensino.
Diante de tanto desrespeito, estamos dando um Basta! Queremos carreira justa, salário digno, condições de trabalho e condições de ensino-aprendizagem para nossos alunos. Por isto, precisamos da compreensão e do apoio de todos, pois, com a nossa luta, a qualidade do ensino vai melhorar.
Estamos em greve por tempo indeterminado, até que o governo negocie conosco o atendimento de nossas reivindicações em busca da melhoria da escola pública.
Diretoria da APEOESP
Um comentário:
E ainda vai aparecer imbecil pra votar nesse Serra pra Presidente.
Aliás, a educação pública em geral no Brasil vai de mal a pior, ninguém merece mesmo. Os professores são humilhados, sacaneados a todo momento, e quem paga por isso são os alunos.
A Lei do Piso que manda pagar uma merreca não está sendo cumprida, embora em entrevista recente o ministro da Educação Fernando Haddad afirmou que os recursos repassados pelo Fundeb são suficientes para melhorias da educação e valorização do magistério.
Outro dia indaguei um colega meu professor que ocupa no momento cargo de secretária de administração do município onde resido sobre os motivos da desvalorização da categoria, ele me respondeu que as verbas são insuficientes. Então, retruquei dizendo que se a folha de pagamento da educação não estivesse superlotada de apaninguados a coisa melhoraria e que eles providenciasse a aposentadoria dos inativos (muitos é só malandragem) pendurados na folha bancada pelo Fundeb, e ele ficou calado.
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