quarta-feira, 27 de junho de 2012

Um sonho

Recebi este lindo email do professor da Universidade Federal do Ceará, Idevaldo da Silva Bodião.




Bodião é um militante destacado. Participa da Comissão de Defesa do Direito à Educação e contribui com a Campanha Nacional Pelo Direito à Educação – Comitê Ceará, desde 2001. É, ainda, associado do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente do Ceará (Cedeca - Ceará). Ele também foi Secretário de Educação e Assistência Social de Fortaleza.

É o tipo de texto que você se sente representado e fica com aquela vontade de ter sido o autor.

De forma lírica o professor Bodião resumiu o sentimento de muitos ativistas do movimento educacional com a aprovação do percentual de 10% do PIB pela Comissão Especial da Câmara dos Deputados que analisa o Projeto de novo PNE.



Meus caros amigos



Tive um sonho muito curioso, nesta noite.



Sonhei que assistia, pelo computador da minha casa, a votação de um novo texto para a meta 20 do PNE. Desde o começo o sonho parecia um tanto inusitado (não estranhei, afinal em sonhos tudo é possível). Parlamentares (que são muito vaidosos) abriam mão de suas proposições em favor de outros colegas (um pernambucano, se não estou errado, embora tenha estudado no Rio de Janeiro).



Seguiu-se a isso uma generosa troca de elogios de tal forma surpreendente que uma parlamentar do DEM elogiou seu “colega” do PT, um parlamentar do PSDB elogiava outro do PSOL (já não me surpreendia, afinal sabia que estava num sonho). Fiquei pensando se todos haviam morrido, já que depois de mortos “chovem” virtudes para os defuntos.



O momento mais inusitado do meu sonho (o que não traz qualquer problema de inconsistência para a narrativa, afinal se trata de um sonho) foi quando o presidente da sessão colocou em voto a proposição, solicitando que aqueles que estivessem de acordo com o novo texto saíssem de suas poltronas e pulassem junto com os populares presentes. “Sai do chão! Sai do chão, quem vota na educação!” Parece que foi isso que eu ouvi. Não deixei de pensar na histórica votação das “Diretas, Já!”



Nos momentos seguintes o presidente da sessão tentou voltar à pauta, para dar continuidade aos trabalhos, e foi interrompido pelo som uníssono do hino nacional brasileiro, cantado de ponta a ponta. O coro, forte, em nenhum momento titubeou (nem naquele ponto em que não se sabe se é “Brasil, um sonho intenso ...” ou “Brasil de amor eterno ...”); nesse momento a tela do computador “me sugou” para dentro da sessão e pude me ver – abraçado aos demais – cantando o hino brasileiro: naquela hora eu também estava lá!!!!!



Contrário ao que se costuma observar nessas circunstâncias, o presidente da sessão em nenhum momento se mostrou contrariado; na verdade, bem humorado, reclamou que no momento da votação ficará com o relator na mesa diretora, não podendo partilhar da comunhão do plenário.



Ao poucos, entre vários abraços (eu vi o Daniel passar várias vezes na tela do meu computador, num momento com uma camisa amarela, noutro com uma camisa branca – sem as mangas arregaçadas), o estado de excitação foi se amainando e a sessão voltando ao seu normal; nesse momento eu acordei e, pasmem ... eu estava sentado à frente do meu computador, na mesa de trabalho da minha casa!!!! Eu olhei para uma lua crescente que brilhava intensamente, contrapondo-se ao escuro do céu e pensei: “só falta o ministro da educação reclamar da votação” e fui dormir em paz o sono daqueles que, como vocês, havia lutado por aquele momento.



Obrigado a todos e todas por me terem permitido viver esse momento.



Claro que vocês devem dar os devidos descontos à minha narrativa, afinal foi só um sonho, não foi?



Bodião



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