terça-feira, 1 de dezembro de 2009

"Sabemos que somos falhos, somos imperfeitos"

Não é o primeiro escândalo da política brasileira e infelizmente não será o último. Nesses dias estourou um dos maiores escândalos envolvendo autoridades do Distrito Federal. São cenas chocantes de políticos recebendo dinheiro ilegal, tudo fruto de propinas pagas por empresas beneficiadas por contratos com o governo da capital federal.

A lista dos envolvidos é imensa, encabeçada pelo atual governador Arruda (DEM), passando por deputados de vários partidos, funcionários graduados e até juízes.

O esquema não é novo: as empresas são beneficiadas por contratos milionários e em troca financiam as campanhas eleitorais dos parlamentares e governantes. Fazendo assim, conseguem mais contratos e os governantes e parlamentares mais dinheiro sujo.

Em uma das cenas o “tesoureiro” de Arruda (e do ex-governador Roriz) aparece fazendo uma oração com dois deputados (Brunelli e Prudente) e num lampejo de sinceridade um deles cunhou a frase que escolhi como título deste post.

Realmente são pessoas imperfeitas, mas que isso, são assaltantes do dinheiro suado dos impostos pagos pelos cidadãos de Brasília. Como a carga tributária é injusta e vinculada essencialmente ao consumo, foi o dinheiro dos mais pobres, os quais gastam todo seu pouco dinheiro na esfera do consumo, que foi roubado.

O “tesoureiro” Durval trocou uma pena grande na cadeia pela chamada delação premiada e proteção policial. Só quando um dos bandidos, talvez com medo de morrer, resolve abrir o bico é que temos conhecimento da pequena ponta do iceberg da corrupção em nosso país.

Veja um dos vídeos:
http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,video-mostra-arruda-com-r-50-mil,473648,0.htm

Seria necessário não só excluir da vida pública todos os políticos envolvidos, mas mandar pra cadeia todos eles.

Seria necessário uma verdadeira operação “mãos limpas” em nosso país, pois o que mais existe são Durvais, empresários que ganham licitações por meio de propinas e políticos enriquecendo às custas do desvio sistemático de nosso dinheiro.

Espero que o final desse caso não seja idêntico a tantos casos que não deram em nada. Basta ver que Sarney e Roriz estão livre, leves e soltos.

Um comentário:

  1. João Monlevade falando. No DF, além da corrupção comum a todo o País, temos a "corrupção da abundância". Vejam: os brasileiros todos pagamos quase R$ 8 bilhões por ano para o DF bancar a segurança, educação e saúde. Não admira que aqui um policial civil que fica sentado digitando Boletins de Ocorrência ganhe R$ 8 mil em início de carreira. Nada contra se ganhar bem, desde que não se rebaixe os salários dos outros, exatamente o que acontece nesse caso, pois o dinheiro público circula em vasos comunicantes. Os R$ 27 mil mensais dos ministros do STF são possíveis porque milhares de funcionários ganham menos de R$ 1 mil. Isso é que o pessoal não quer ver, se recusa a admitir. Ora, graças a esses R$ 8 bilhões e aos altos salários federais do Legislativo, Judiciário, Ministério Público e alguns Ministérios, Brasília também arrecada R$ 400 milhões de ICMS por m~es e mais de R$ 1 bilhão de IRRF por ano. Esse dinheiro abundante e fácil não só é uma tentação de desvios e roubos, como acaba funcionando como uma onda que encobre as falcatruas. Precisamos denunciar e corrigir estas imperfeições do federalismo brasileiro, que herdou os defeitos do feudalismo real português e perpetua a Corte de Brasília, enfeitada pelas esculturas do Niemeyer.

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