Cena 1: São divulgadas gravações de políticos brasilienses recebendo propina do então tesoureiro do caixa 2 do governo Arruda. São deputados distritais colocando dinheiro na meia, na bolsa, na cueca, orando em agradecimento a possibilidade de poder roubar o suado dinheiro do povo brasileiro. Até o governador Arruda foi filmado recebendo a sua parte.
Cena 2: A humilde trabalhadora Creuza, ao sair de casa, encontrou um envelope com 4,5 mil reais. Não havia identificação do proprietário do dinheiro. Imediatamente ela entregou o envelope para a Polícia. Afirmou em entrevista aos jornais locais que só fica com o dinheiro que lhe pertence.
Há um sentimento generalizado na nossa sociedade de que o “crime compensa”. Este sentimento é alimentado pela morosidade da justiça brasileira, pela facilidade com que ricos e poderosos escapam de qualquer punição e, principalmente, pela forma rotineira de políticos escaparem de qualquer punição quando são flagrados roubando o dinheiro público.
Ao serem feitas as denúncias há uma comoção geral, uma repulsa, um nojo diante de tanta lama. Depois, este sentimento vai se transformando em revolta e frustração.
O exemplo de dona Creuza, esposa de um motorista, com dois filhos adolescentes, sempre nos lembra de que os ladrões não formam a maioria do nosso povo. Que é possível conduzir a vida de forma honesta e decente.
O que entristece é que, passados dois ou quatro anos, veremos Dona Creuza continuando na sua vida desgastante e veremos alguns dos envolvidos “livres, leves e soltos”, quem sabe até reeleitos para a Câmara Legislativa.
Só a mobilização social poderá dar um final diferente a esta história.
a verdade é que mesmo revoltados,nós brasileiros continuamos em sua grande maioria alienados,permitindo que episódios como estes aconteçam e se tornem rotineiros em nossa sociedade,o grito de BASTA ainda não saiu de nossas gargantas,tomara que não tarde mais...
ResponderExcluirJoão Monlevade apoiando estas reflexões
ResponderExcluirBrasília tem um milhão e cem mil automóveis. A esquerda convocou uma carreata no sábado para mostrar a indignação popular e propor a saída de Arruda do governo.
Quantos carros apareceram ?
Noticiaram que foram 400 (Correio Braziliense de domingo).
Mas, digamos que tenham sido mil.
Mil carros em Brasília representam menos de 0,1%.
Conclusão: 99,9% ou não querem que o Arruda saia ou não acham que vale a pena gastar três horas do sábado mais R$ 30,00 de gasolina...
Quase 95% dos professores da rede pública têm carro. Se metade deles (entre ativos e inativos) tivesse ido à carreata, teríamos tido 20.000 carros. Quando o primeiro chegasse à residência do Arruda, o último não teria conseguido sair do local da partida. Esse teria sido realmente um happening, manchete de primeira página até do New York Times. Por isso, Luiz, acho que essa denúncia está mais para "presente de grego" ou de papai noel para os possóiveis adversários de Arruda no pleito que já se julgava ganho por ele, um "deus ex machina", uma "visita da saúde" para a moribunda "oposição de esquerda", do que uma real oportunidade de mudança de rumos no DF. Daí o valor de seu texto: precisamos de milhares de Donas Creuzas, não somente honestas, compromissadas com sua consciência, mas comprometidas com o bem comum. compromissadas com