sábado, 10 de outubro de 2009

Reflexões educacionais - parte II

Segundo definição internacional, o grau de analfabetismo de uma população é mensurado tomando por base a taxa de pessoas com 15 anos ou mais que não sabem ler e escrever um bilhete simples. É um critério bem rasteiro, mas infelizmente 14 milhões de brasileiros estão distante deste mínimo do mínimo.

De 2001 pra cá o Brasil só conseguiu reduzir de 12,4% para 10% o índice de analfabetismo, descumprindo totalmente as metas estabelecidas no Plano Nacional de educação. Porém, isso não é novidade. Outros estudos e este humilde espaço de reflexão já discutiram o assunto.

O que tem de novo sobre a questão no recente estudo do IPEA? Lançar luz sobre a clara desigualdade regional, social e racial por dentro do analfabetismo. Verifica-se que ¼ da população rural é analfabeta contra um índice de 4,3% para a população urbana.

Existem mais que o dobro (13,6%) de analfabetos negros do que brancos (6,2%).
Analisando pela renda a desigualdade torna-se estarrecedora. No quinto mais pobre tmos 19% de analfabetos enquanto que no quinto mais rico este número é de apenas 1,9%. Ou seja, o Brasil já erradicou o analfabetismo... dentre os ricos. Mesmo em meio a riqueza, aparece a desigualdade regional e de raça. Os ricos que vivem na área urbana ainda são 9% analfabetos e os negros e pardos também possuem índices maiores de analfabetismo (3,4% contra apenas 1,3% dos ricos brancos).

O documento enuncia as principais características do analfabetismo brasileiro:

1. É bem mais acentuado na população negra;

2. As regiões menos desenvolvidas, municípios de pequeno porte e as zonas rurais, são as que apresentam piores índices;

3. Está fortemente concentrado na população de baixa renda;

4. O percentual e a quantidade de analfabetos se ampliam quanto mais velha é a população;

5. Existe ainda um número considerável de analfabetos jovens, sinônimo de que o sistema educacional ainda está produzindo analfabetos.

A conclusão do estudo é uma crítica indireta a ineficiência dos programas governamentais: “(...) cada geração permanece alheia à melhora do sistema educacional. Isso quer dizer que a queda do analfabetismo se processa fortemente pelo efeito demográfico e menos pelas iniciativas do governo ou da sociedade civil”.


Nada mais verdadeiro!

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