Desde 1998 que o INEP realiza o Exame Nacional de Ensino Médio. No final de 2003 estava ocupando a presidência do INEP e procurei inúmeros pesquisadores da área de avaliação educacional, inclusive os idealizadores do Enem. Meu objetivo era fazer um balanço criterioso deste instrumento, melhor forma de problematizar sua existência e cumprir o programa de governo que havia levado Lula a presidência de república, mas que cada vez mais estava sendo abandonado.
Deste esforço de problematização acerca do “sistema de avaliação educacional” foi realizado um seminário nacional sobre o tema, que contou com a participação de um número significativo de pesquisadores da área. Além disso, autorizei a elaboração de estudos acerca de vários aspectos do Enem, dentre eles destaco uma revisão bibliográfica sobre o tema, estudos acerca da validade de sua matriz e avaliações sobre o seu uso nas universidades. Este estudo foi feito, entregue ao INEP no início de 2004 e devidamente atestado e pago.
Infelizmente nossa presença no INEP durou pouco e no início de 2004 fomos convidados a sair. Até hoje não tenho conhecimento do destino dado pela nova administração ao estudo sobre o Enem. É óbvio que com o decorrer do tempo o Enem foi sendo valorizado, na mesma velocidade em que o governo Lula foi abandonando todo o programa democrático e popular que havia apresentado no pleito de 2002. Certamente a publicação de um estudo crítico sobre um dos pilares do “sistema de avaliação” herdado de Fernando Henrique Cardoso seria algo delicado.
Sem que sejam feitas as devidas correções, o Enem consumiu durante o governo Lula nada menos que 382 milhões e 906 mil reais. Seu custo vem subindo ano após ano. É razoável que o governo apresente a sociedade brasileira estudos que informem sobre os impactos deste instrumento, justificando assim o uso de tão volumosos recursos.
A publicação do estudo realizado em finais de 2003 seria uma boa prova de transparência do atual governo.
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