Transcrevo excelente matéria publicada no Portal UOL acerca das principais emendas ao PNE defendidas pela Campanha Nacional pelo direito à Educação.
Falta de recursos pode ser entrave para cumprir metas do PNE, defende campanha
Os recursos previstos para a Educação no novo PNE (Plano Nacional da
Educação) – 7% do PIB (Produto Interno Bruto) até 2020 – não irão
garantir a realização das metas apresentadas no documento. Essa é uma
das críticas da Campanha Nacional pelo Direito à Educação ao texto do
PNE, que está para ser analisado na Câmara dos Deputados.
Segundo o movimento, deve-se atingir o mínimo de 10% do PIB até 2020.
Eles defendem que 80% dos investimentos vão para a educação básica e,
20%, para o ensino superior.
A proposta do Executivo prevê ampliação de recursos de acordo com a
revisão das metas, mas não estabelece quem fará essa avaliação. Para a
Campanha, o acompanhamento deve ser feito pelo Fórum Nacional de
Educação, no quarto ano de vigência da lei, devendo a alteração ser
submetida ao Congresso Nacional.
A campanha reivindica a implementação do Custo Aluno-Qualidade (CAQ),
que define um investimento por aluno/ano, e acrescenta a meta de
destinar 50% dos créditos advindos do pagamento de royalties de
atividades de produção energética à manutenção e desenvolvimento do
ensino (MDE).
Atualmente, de acordo com o movimento, estão incluídas no cálculo das
despesas mínimas obrigatórias com MDE na União, nos estados, no
Distrito Federal e nos municípios despesas com aposentadorias e
pensões. A Campanha propõe a exclusão dessas despesas, com o argumento de que a prática é vedada pela legislação em vigor e pelas normas de contabilidade pública.
O movimento também pede propõe emendas para os seguintes itens:
Responsabilidades dos entes federados
Segundo o movimento, o PNE precisa distinguir claramente as
atribuições de cada ente federado. É necessário rever e alterar o peso
da participação da União no financiamento da educação básica e
estimular que Estados e municípios com maior poder arrecadatório
contribuam com seus pares que ganham menos. Uma das emendas propostas aumenta a participação da União no custeio do transporte escolar para garantir o acesso à educação no campo, por exemplo.
As organizações propõem a criação de uma lei federal para pactuar as
responsabilidades de cada ente no prazo máximo de um ano após a
aprovação do plano, para promover a distribuição proporcional de
recursos materiais, financeiros e técnicos.
O atual projeto, para a campanha, não faz diagnóstico da educação
brasileira nem prevê um monitoramento eficaz de suas metas. As
entidades criticam a ausência de diagnóstico da situação educacional
brasileira, bem como a falta de uma avaliação do PNE anterior e de um
estudo capaz de justificar a opção por cada uma das metas e
estratégias apresentadas pelo executivo federal.
Segundo as entidades, um dos principais motivos do fracasso do PNE
anterior (2001/2010) foi não ter sido determinado um mecanismo legal
capaz de monitorar e avaliar o cumprimento de suas metas. Uma emenda
pede que o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira) produza, a cada dois anos, um estudo
para analisar o cumprimento das metas do novo PNE, em termos
quantitativos e qualitativos.
O Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), segundo a
campanha, precisa ser aperfeiçoado "para dar conta de avaliar a
qualidade educacional". Uma das emendas propostas incorpora ao índice
outros elementos como condições de trabalho, formação continuada e
remuneração dos profissionais da educação, razão do número de alunos
por profissional do magistério e existência e situação dos
equipamentos de infraestrutura pedagógica das escolas de educação
básica.
A Campanha critica a proposta do Executivo de criar uma prova para
aferir a alfabetização de crianças de 8 anos, pois o instrumento segue
lógica de “ranqueamento”. Uma emenda remete para cada sistema de
ensino a tarefa de avaliar e monitorar o desempenho do esforço de
alfabetização das crianças.
Processos participativos e gestão democrática
Enquanto a proposta do PNE determina que os Estados elaborem novos
planos no prazo de um ano, sem nada dizer sobre o modo como devem ser elaborados, de acordo com levantamento do Observatório da Educação, 15 Estados e o DF ainda não possuem seus respectivos planos estaduais de educação, embora esta seja uma exigência legal.
Desta forma, a Campanha propõe emenda para definir que os planos sejam elaborados em amplos processos participativos. O tema da transparência na gestão dos recursos educacionais ocupou um amplo espaço nas discussões da Conae, mas o PL praticamente nada determina sobre o assunto. Uma das emendas estabelece a publicização em tempo real da execução orçamentária e financeira de cada unidade gestora dos
recursos educacionais e da receita vinculada auferida.
Profissionais da Educação
A meta 17 do PNE, segundo a campanha, estabelece que o rendimento
médio do profissional do magistério com mais de onze anos de
escolaridade deve se aproximar do rendimento médio dos demais
profissionais com escolaridade equivalente – mas não explicita como se
dará essa “aproximação”. Segundo estudo do MEC (2008), comparando a
remuneração de profissionais com ao menos um ano de ensino superior
completo (12 ou mais anos de escolaridade), o salário médio para
professores da educação básica com nível superior é de R$ 1.638,00,
enquanto os não-professores, nas mesmas condições, recebiam R$
2.503,00. Ou seja, o magistério recebia apenas 65,4% do recebido por
profissionais de escolaridade equivalente.
A emenda da Campanha sugere prazos e especifica uma meta
intermediária: o rendimento médio do professor deve chegar a 80% do
rendimento médio dos demais profissionais em 2016 e seu rendimento
deve ser equiparado em 2020. O cumprimento desta meta depende
fundamentalmente dos reajustes do piso nacional e da vigência de
planos de carreiras para o magistério (legislação que ainda não é
cumprida em diversos estados).
Ações previstas para EJA
A Campanha propõe a realização de um levantamento da demanda potencial de jovens e adultos por educação básica, por nível de escolaridade, bairro e distrito de referência, para que a oferta de vagas possa ser planejada e a demanda adequadamente atendida. Também é necessário realizar a chamada escolar pública ao menos uma vez a cada ano – pois essa população, muitas vezes, desconhece seu direito de voltar a estudar.
O direito à educação das pessoas privadas de liberdade ocupou espaço
de destaque nas discussões da Conae, mas não foi contemplado no
projeto de novo PNE. Apenas 18% da população carcerária nacional
frequenta atividades de educação escolar, segundo dados de 2010 do
Ministério da Justiça.
Uma das emendas propões aumento a meta de redução da taxa de
analfabetismo funcional – de 50% no atual projeto para 60%.
Metas para creches
A primeira meta do projeto do Executivo determina que o atendimento
escolar da população de quatro e cinco anos seja universalizado até
2016, e a oferta de educação infantil seja ampliada de forma a atender
50% da população de zero a três anos até 2020. As entidades consideram
a meta "tímida" e propõem que a demanda manifesta – isto é, todos que
desejarem matricular seus filhos nessa modalidade – seja atendida até
essa data. Para isso, será necessário realizar um levantamento da
demanda por educação infantil em creches e pré-escola.
"A Campanha propõe a seguinte proporção dos investimentos dos entes
federados na expansão da oferta de educação infantil: 50% por parte da
União, 25% por parte dos estados e 25% por parte dos municípios. Além
disso, uma emenda reafirma o princípio aprovado na Conae que determina que os recursos públicos sejam direcionados exclusivamente nas escolas públicas (e não a creches conveniadas, conforme deliberação da Conae)."
O movimento quer ainda universalizar o ensino fundamental de 9 anos em
5 anos e não em 10, como havia sido proposto no texto original. É
criticada, por fim, a ausência de "estratégia clara sobre o Programa
Nacional de Transporte Escolar" e a meta de universalização do acesso
à banda larga nas escolas, que, para a campanha, deveria diminuir de
10 para 6 anos.
*Com informações do Observatório da Educação, da ONG Ação Educativa.
Essa enrolação não vai acabar nunca! é isso que as elites brasileiras querem, ir empurrando lorotas goela abaixo dos "sem noção" até quando puderem.
ResponderExcluirEstou com o documento aqui em minhas mãos sobre "Política de Educação Básica do Estado do Pará" do qual participei dos debates no município. Praticamente nada está sendo colocado em prática. Pelo contrário com o "novo" (des) governo, avanços conquistados já começam a ser perdidos.
Voce tem toda razão os cortes na saude e na educação permanecem em todos os governos seja de direita ou de esquerda. E questiono quando isso vai mudar? quando é que os nossos governantes vão olhar para a educação com mais atenção e carinho, principalmente no que tange as verbas que são essenciais para uma mudança qualitativa no sentido de termos uma educação de boa qualidade! Abração Silvana Lourinho
ResponderExcluir