sexta-feira, 12 de novembro de 2010
Racismo revisitado
Um dos assuntos que precisam ser urgentemente discutidos é o crescimento de manifestações preconceituosas em nosso país. No período eleitoral é notório que acusar um candidato de ser homossexual ou de defender a união civil deles tira voto do acusado. E na campanha deste ano os principais candidatos flertaram com os votos conservadores o tempo todo.
Mas um fato marcou os noticiários recentemente. A estudante de direito Mayara Petruso postou no twiter a seguinte frase: Nordestino não é gente. Faça um favor a SP: mate um nordestino afogado! E teve apoio de outros internautas.
Ela não inovou, pois neste semestre, muito antes das eleições, foi lançado um manifesto denominado “São Paulo para os paulistas” estimulava o preconceito contra os nordestinos.
O portal Terra entrevistou um dos líderes do manifesto, segundo a reportagem o mais moderado. Algumas declarações são esclarecedoras.
Sobre a proposta de devolver os migrantes para suas regiões o representante do movimento afirmou que isso “ é uma questão humanitária. Para você ter uma idéia, tem uma pesquisa que diz que 84% dos moradores de rua que vivem no Centro de São Paulo são migrantes”.
E explica que já “é difícil para um paulistano, que constrói uma carreira, comprar, financiar um apartamento ou uma casa, imagina para o migrante que consegue ganhar um salário mínimo por mês e tem uma família para sustentar?”.
Ou seja, o paulistano é uma pessoa de classe média, que possui emprego, condições de financiar um apartamento e vê seu sonho prejudicado pela presença de um nordestino que ganha salário mínimo ou mora na rua.
Ele chega também a brilhante conclusão de que a “ maior parte das pessoas que utiliza SUS na cidade de São Paulo são migrantes”.
E conclui com a seguinte pérola: “ quem constrói São Paulo não são os pedreiros. São os empresários, os investimentos aplicados na cidade, feitos por paulistas. Falar que outras pessoas construíram a cidade é absurdo. Eles trabalharam, usaram sua força de trabalho. Não significa que construíram São Paulo. Esse prédio que você trabalha, por exemplo, não foi construído por migrantes… por pedreiros. Foi construído pela empresa que investiu, que financiou o projeto”.
O conceito defendido por estes cidadãos é o mesmo que justifica incendiar mendigos em paradas de ônibus, matar índios e perseguir homossexuais pela cidade.
Esta ideologia racista levou ao massacre dos judeus na Alemanha de Hitler, justifica massacres de minorias étnicas na Bósnia, expulsão de ciganos na França e tudo mais.
Em pronunciamento da tribuna da Câmara dos Deputados o deputado federal por São Paulo Ivan Valente (PSOL) foi enfático em condenar o manifesto. Ele disse:
Atitudes como esta requerem uma resposta enérgica da sociedade, sob o risco de perpetuarmos um terreno fértil para o florescimento da xenofobia e aprofundamento do preconceito étnico-racial e regional em São Paulo, já tão arraigado entre a elite paulista.
A prática de racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito a prisão, previsto pela Lei 7.716 de 1989. A lei define como crime de racismo não apenas a prática, mas também a indução ou incitação à discriminação ou preconceito, e estabelece um agravante se esses crimes são cometidos por intermédio dos meios de comunicação.
Concordo plenamente.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário