segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Reflexões educacionais - parte III

Desigualdades na escolaridade permanecem

Os dados analisados mostram que nosso principal problema continua sendo o acesso das crianças de zero a três anos à escolarização. Alcançamos 18,1% de cobertura, muito longe dos 30% previstos para 2006 pelo Plano Nacional de Educação – PNE.
Além de baixa cobertura escolar nesta faixa etária, há forte marca de desigualdade. Enquanto na área urbana temos 20,5% de matrículas, apenas 7,2% freqüentam na área rural. Há menos crianças negras e pardas do que brancas sendo atendidas (15,5% contra 20,6%).

Mas onde esta desigualdade fica evidente é quando é analisada a freqüência pela renda da família: os mais pobres só possuem 10,7% de cobertura, enquanto os mais ricos conseguem colocar 37% de suas crianças nas creches.

Em relação ao ensino fundamental o estudo trás um comentário bastante relevante. Afirma que além de “ainda haver uma porcentagem residual de crianças e jovens fora da escola, entre os matriculados há os que não aprendem ou que progridem lentamente, repetem o ano e acabam abandonando os estudos”. Esta afirmação não é inovadora, mas vem acompanhada de números atualizados e que devem servir de reflexão na Conferência Nacional de Educação.

Analisando a taxa média esperada de conclusão do ensino fundamental e no ensino médio nos anos 2005/2006 fica claro que nas séries iniciais temos 12,4% de estudantes retidos, nas séries finais do ensino fundamental 33,8% não conseguiram terminar a oitava série, ou seja, temos 56,2% dos alunos, mais da metade, que não concluem na idade adequada esse nível de ensino. Esta situação é mais alarmante na região norte, onde ficam retidos 20% nas séries iniciais e nada menos que 60% nas séries finais.

Novamente são os mais pobres que mais sofrem com a exclusão educacional. Comparando-se o percentual de alunos de primeira e da oitava série oriundos de lares com renda familiar per capita inferior a ½ salário mínimo, observa-se que eles representam 55,4% na primeira série e somente 36,4% na oitava série.

Por fim, a freqüência líquida no ensino médio é de apenas 50,4%, consequência direta da enorme retenção de alunos no ensino fundamental. Esta taxa é de apenas 39,6% no Norte e de 36,4% no Nordeste.

Na área rural temos apenas 33,3% de jovens estudando no ensino médio na idade correta e dentre os negros este percentual só alcança 42,2%.

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