sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Círio de Nazaré
Recebi da minha amiga paraense Georgina Galvão um rico comentário acerca do Círio de Nazaré, manifestação religiosa que mobiliza milhões de pessoas sempre no segundo domingo de outubro na cidade de Belém do Pará.
Certamente ajudará a outros brasileiros compreenderem a importância do evento.
Do que é feito o Círio de Nazaré?
Difícil definir o que é o Círio, essa espécie de transe coletivo que Belém do Pará vive, a cada outubro, em devoção à Nossa Senhora de Nazaré. De certo, o Círio encerra e ao mesmo tempo inicia um tempo, um calendário, não só para aqueles que crêem que a santinha (como é carinhosamente chamada pelos paraenses) cuida de seu povo, mas também para todos os autóctones ou de alhures que se deixam arrebatar diante do mar de mãos levantadas em direção à Esperança.
Acho que é disso que é feito o círio, de Esperança.
No lapso em que Belém vive o círio parece que os devotos estabelecem uma relação direta com a virgem, podem prescindir de qualquer mediação, inclusive da hierarquia religiosa. Nesse momento, qualquer um permite-se aclamar, louvar, pedir, confiar, expiar, prometer, renovar compromisso íntimo ou social, implorar mas, acima de tudo, esperar pela graça.
A graça de obter aquela casa que se carrega nos ombros, a graça da fartura traduzia no barco bonito ou na enfieira de caranguejos. A graça da saúde e da promissão simbolizada pelos belos anjinhos tapuios. A graça de outros quereres expressos em tantas coisas, como nos singelos e coloridos miritis.
Nesse território momentâneo cada um estabelece sua relação particular com o Círio, desde se impressionar com a multidão que caminha contrita ou que expia seus mais íntimos sentimentos na corda, até parar numa esquina qualquer apinhada, se deixar lavar com o sumo que emana de toda a gente ou com as despudoradas lágrimas que nos alcançam e revelam nossa humanidade, quando pedimos, na passagem da Santa, para que ela cuide daqueles que nos são caros.
No momento da comunhão, com os sentidos aguçados pelo oloroso tucupi, reafirmemos esperança e propósito de que a promissão da justiça social chegue a todos e os círios dos outubros que virão, possam ser repartidos em deleite.
Feliz Círio.
Brasília, outubro de 2009
Georgina
Luiz... assim como o espírito do teu blog, com caráter construitvo, educativo e estimulador, leio com muita emoção o texto da Jô. É sem dúvida um momento de confraternização dos que (paraenses... ou não, como eu!!!)conhecem muito bem o cheiro, o calor e a emoção que inunda a cidae das mangeuiras neste momento mágico de outubro. Abraços... e VIVA NOSSA SENHORA DE NAZARÉ... VIVA... VIVA... VIVA!!!
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