segunda-feira, 27 de abril de 2009

Parceria público-privado

Enquanto a crise econômica mundial destrói todo o castelo teórico construído pelos economistas neoliberais, na área educacional parece que os pressupostos da primazia do mercado não sofreram ainda abalos significativos.
Mudamos de governo e pretensamente o povo brasileiro optou por votar na esquerda duas vezes seguidas para a presidência da república. Entretanto, em tempos de confusão ideológica e crise de identidade, é cada vez mais difícil identificar características de esquerda no governo Lula.
Essa conclusão vale também para a sua área educacional, infelizmente.
Em outubro de 2007 a Revista Educação e Sociedade publicou um interessante artigo da professora Lisete Regina Arelaro. Intitulado “Formulação e implementação das políticas públicas em educação e as parcerias público-privadas: impasse democrático ou mistificação política?”, a autora reflete sobre as motivações que levam ao estabelecimento de parcerias público-privado, “que implementam a lógica do mercado nas orientações dadas às escolas e nos sistemas públicos de ensino, gestando um novo e contraditório conceito de eficiência educacional, em que a participação dos diferentes segmentos da comunidade escolar é dispensada”.
Como esta moda neoliberal ainda continua forte na educação, recomendo atenta leitura deste precioso artigo e transcrevo um pequeno trecho abaixo:

“Este novo modelo de avaliação da “missão” educacional introduz no cotidiano escolar não mais a perspectiva democrática do direito de todos a uma educação de qualidade, mas a necessidade de se admitir, pedagógica e culturalmente, que a metodologia adequada – e única, já que a prática bem sucedida mostrou sua adequação – é a que propicia e estimula “o melhor de cada” aluno – que é seu desejo de vencer –, quaisquer que sejam seus “adversários” mais próximos, antes chamados
de colegas e amigos”

Lisete é pós-doutora em Educação e professora livre-docente da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP).

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