A imprensa nacional divulgou mais uma proposta do MEC. Para enfrentar o problema da formação dos professores o MEC, em comum acordo com o CONSED (Conselho de Secretários Estaduais de Educação), quer formular uma prova nacional para o ingresso dos professores.
A proposta seria basicamente a seguinte: o MEC formula a prova e os estados e municípios economizam recursos com este item e aplicam nos seus concursos. Com isso teríamos um mesmo padrão de contratação.
A presidente do CONSED, professora Maria Auxiliadora, defende que esta prova seja utilizada para a avaliação de desempenho dos professores da ativa.
Realmente a questão está totalmente desfocada. Em primeiro lugar, essa idéia mirabolante não é nova. O ex-ministro Cristovam Buarque propôs algo semelhante em 2003, ele queria fazer um exame de certificação e complementar o salário dos que fossem aprovados. A idéia obviamente não vingou, principalmente por que toda premiação esconde uma punição e ao invés de melhorar a formação dos que precisam, punia os professores pelos erros de formação inicial ou falta de bons planos de formação continuada.
A idéia do MEC é desfocada por que o problema não está na qualidade dos concursos públicos aplicados aos professores. Aliás, como o MEC terá que licitar para produzir as ditas provas nacionais, com toda certeza serão as mais experiente equipes que elaboram as atuais provas de concursos que se habilitarão para a nova tarefa.
O problema está na formação inicial e na relação desta formação com o universo concreto de trabalho de nossos professores. Neste ponto o MEC pode e deve colaborar com os estados e municípios.
A proposta da professora Maria Auxiliadora também não é inovadora. Vários estados, especialmente tucanos, mas infelizmente não só, consideram que fazendo provas com os professores é a melhor forma de avaliá-los e premiá-los (e evidentemente também puni-los).
O INEP poderia se concentrar em pesquisar a realidade educacional, mas parece que se tornou uma fábrica de reserva de mercado para as empresas que fazem exames em larga escala. E todo dia aparece mais uma prova e, logicamente, mais recursos públicos serão investidos para viabilizar estas novas idéias.
Excelente análise com foco na punição escondida na aparência do fenômeno que seria a premiação dos melhores.
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