segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

A educação no discurso de posse de Dilma

No sábado passado a nova presidenta Dilma tomou posse no Congresso Nacional. No seu discurso de posse reservou um trecho para falar de suas prioridades educacionais. Reproduzo o trecho abaixo e em seguida faço alguns comentários.

Queridas brasileiras e queridos brasileiros,
Junto com a erradicação da miséria, será prioridade do meu governo a luta pela qualidade da educação, da saúde e da segurança.
Nas últimas décadas, o Brasil universalizou o ensino fundamental. Porém é preciso melhorar sua qualidade e aumentar as vagas no ensino infantil e no ensino médio.
Para isso, vamos ajudar decididamente os municípios a ampliar a oferta de creches e de pré-escolas.
No ensino médio, além do aumento do investimento público vamos estender a vitoriosa experiência do ProUni para o ensino médio profissionalizante, acelerando a oferta de milhares de vagas para que nossos jovens recebam uma formação educacional e profissional de qualidade.
Mas só existirá ensino de qualidade se o professor e a professora forem tratados como as verdadeiras autoridades da educação, com formação continuada, remuneração adequada e sólido compromisso dos professores e da sociedade com a educação das crianças e dos jovens.
Somente com avanço na qualidade de ensino poderemos formar jovens preparados, de fato, para nos conduzir à sociedade da tecnologia e do conhecimento.
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Não consegui ler nenhuma palavra que já não tenha sido dita pelo atual Ministro nos últimos tempos, mas me chamou a atenção os seguintes aspectos:

1º. A presidenta reforçou o compromisso com a ajuda aos municípios brasileiros para que cresça a oferta de vagas públicas em creche e pré-escola. Não tem como medir o significado da palavra “decididamente”, mas serve de elemento para cobrança de programas mais audaciosos nesta área. Para ser realmente uma postura decidida certamente o ritmo e formato do Proinfância precisará sofrer mudanças.

2º. Deu formato de promessa a proposta de estender o ProUni para o ensino profissionalizante. O formato deste programa significa trocar vagas por isenção fiscal. Os dados do ensino médio associado à profissionalização mostram que a iniciativa privada abocanhava 12,3% das matrículas. A rede federal tinha 34,9% e a estadual 48,1%. Além de drenar recursos públicos para a iniciativa privada, é de questionável eficácia e representa uma mudança de rumo na linha atual de crescer a rede federal. Essa medida incentivará a iniciativa privada converter vagas normais em cursos técnicos de qualidade questionável, pois enquanto possuíam 21.637 alunos nesta área, no formato regular este universo representava mais de 900 alunos. Um presente muito generoso para as grandes corporações, muitas internacionais, que dominam o setor privado de ensino médio.

3º. Disse o óbvio sobre os professores: são importantes, devem ganhar bem e ser bem formados. Mas não disse como o governo federal pretende auxiliar estados e municípios a alcançar estes objetivos.

No dia 31 de dezembro o ministro Haddad concedeu uma entrevista ao IG. Vou comentá-la amanhã, na esperança de descobrir algumas pistas novas sobre o que esperar do governo em 2011.

2 comentários:

antoniofrederico disse...

Espero que a presidente Dilma resolva o problema dos milhares de Auxiliares de Creche no Brasil que, mesmo fazendo o Proinfantil não são reconhecidos como Profissionais de Magistério.

Anônimo disse...

Sou professor do Ensino Médio, e gostaria de dar meu apoio aos colegas que labutam na Educação Infantil. O Governo Federal, precisa atentar para esse setor com o maior carinho. A formação dos futuros cidadãos desse país, tem que ter um começo meio e "fim". Não é justo o tratamento que os profissionais da educação infantil estão tendo no país. As prefeituras apenas "quebram o galho" e os profissionais se arrebentam para dar tudo de si sem um mínimo de condições laboriais.